segunda-feira, 29 de setembro de 2008

em queda livre...

Em dias de pouca produção, eis que acho uma maravilha na blogosfera. Adouro os tempos modernos!

"Escrevo para fazer cócegas na dor. (às vezes, Ela ri.)"

www.juemquedalivre.blogspot.com

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

A Flor

Diversas músicas contam pedacinhos da minha história ridícula. Ai ai...


A Flor

"Ouvi dizer
que o teu olhar ao ver a flor
Não sei por que
achou ser de um outro rapaz
Foi capaz de se entregar
Eu fiz de tudo pra ganhar você pra mim
Mas mesmo assim...
Minha flor serviu pra que você
achasse alguém
Um outro alguém que me tomou o seu amor
E eu fiz de tudo pra você perceber
Que era eu...
Tua flor me deu alguém pra amar
E quanto a mim?
Você assim e eu, por final sem meu lugar
E eu tive tudo sem saber quem era eu...
Eu que nunca amei a ninguém
Pude, então, enfim, amar...vai!"

Amarante / Camelo

Sobra sensibilidade

Pensamos milhares de vezes em ir de táxi, mas a não-vontade de gastar 800 mil reais e o gostinho pela aventura e por usar o carro novo nos impulsionaram. Era a primeira vez que nos aventurávamos a quatro rodas pela cidade tão longe assim.
Fomos: dois caipiras; um dirigindo na Nações Unidas na chuva e o outro procurando a entrada certa - ponte Transamérica. O ponto de chegada era instigante. Não podíamos correr o risco de errar e perder o melhor: o novo show de uma das melhores bandas brasileiras: O Rappa (7 Vezes). O som (novo) do possante já dava a letra de como seria aquela noite: mar de gente, a alma, eu quero ver gol, papo de surdo e mudo, farpa cortante, hóstia. Previsível, porém delicioso.
Chegamos! Chopp Itaipava (nem tudo é perfeito), pessoas estranhas, manos, algumas patricinhas, marofa e fumaça rolando soltas - nos outros 4 shows deles em que estive é sempre a mesma história - só muda a bebida (em Londrina o chopp NÃO é Itaipava! ainda bem).
O nosso lugar não era dos melhores e isso me deixou um pouco de bode. Além disso, fazia frio e não tem coisa pior do que ficar trancafiada em um lugar com milhares de gentes nessa situação. Mas, ao abrir a cortina, tudo mudou. Embalados pelo show de som e luzes que eles costumam projetar no cenário, a energia foi borbulhando dentro da gente e pulando pra fora dos poros. Mais uma vez, tudo se conectava: imagens, acordes, timbres (levemente prejudicados pela acústica do lugar), movimentos. Pulei, fechei os olhos, me libertei, joguei os dilemas, problemas, pepinos todos para segunda-feira e gargalhei! Sou suspeita, mas o espetáculo foi muito bom.
Em tempo - eu, o Falcão e as outras milhares de pessoas que estavam lá agradecemos imensamente porque nem todo mundo dá muita atenção ao que alguns colegas escrevem por aí sobre os caras. "Insosso", "falta tato, sensibilidade"?
Gente, que parte do CD e do show eu perdi? Não sei... mas a voz sei que perdi!

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Primeiro andar

"Eu escrevo e te conto o que eu vi
e me mostro de lá pra você
guarde um sonho bom pra mim"

Rodrigo Amarante

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Homem Glam existe?

Eu tava nesse shopping chato, cheio de gente moderninha e careta ao mesmo tempo. Em se tratando daquela cidade, era todo mundo bem caipira mesmo. E eu lá: insistentemente andando pelos corredores. Precisava achar uma feiticeira pra limpar a porra do carpete lá de casa! Já mencionei o quanto eu odeio carpetes?? Eu não tenho nada dessas perebas e alergias de poeira, mas ODEIO com todas as minhas entranhas limpar carpete. Cacete, coisa chata! O pior é que o trabalho sujo tem que ser feito por alguém. E eu não aguento mais ficar esfregando aquilo com vassoura vagabunda que quebra toda hora. Então, depois do entra-e-sai das lojas que em nada me ajudavam, eis que surgiu um potencial candidato a Homem Glam. Isso mesmo! Explico: desde que li o Máquina de Pinball, da Clarah Averbuck, fiquei imaginando como seria meu encontro com um Glam Man. "Homem tem que ser homem e conseguir ser mais mulher que eu. E é aí que entra o Homem Glam, que merece até uns itálicos e uns negritos", define estrategicamente a autora. Mas como eu sabia que era ele? Na verdade, eu não sabia. Por via das dúvidas, palpitei! Ele vestia o uniforme da loja que, certamente, ia me salvar naquele mar de mauricinhos cheios de gel no cabelo! Camiseta azul, calça cáqui suficientemente justa, cabelinho jogado tipo o Príncipe daquele filme de ogro, sorriso perfeito e branquinho, bochechinhas salientes olhos azuis, sabe? É claro também que não fiz nem metade do que a Clarah fez quando encontrou o Glam dela (até porque não sou ela nem de longe, né?). O fato é que o atendente aspirante a Glam ficou me bajulando de uma forma ridiculamente sedutora. Acredite, se quiser. Com paciência e determinação, me mostrou todas as opções. Montou e desmontou prateleiras. Sobe e desce escadas. Enquanto isso puxava papo e eu, como boa comunicadora, respondendo. Ele era tão bacana que achei melhor encarar o papo mesmo.

- Ah, eu? Moro em Sampa, sou jornalista, blá blá..., investi.
- "Sampa? Nossa! Que legal! Seu trabalho é legal? Blá blá blá... Queria muito ADEVOGAR lá...", disse o projeto de gente.
- Ah! Você vai ser ADEVOGADO??? - tóimnhóimnhóim.

Cacete! Ele falou ADEVOGADO mesmo? Não pode ser! Não sei ainda como é o Homem Glam (se é que há um), mas certamente ele não falaria ADEVOGADO! Encerrei a conversa, desisti da feiticeira, fui ao caixa e pedi um Durepoxi mesmo. Decidi consertar a quebrada lá do apê. Com certeza, vai limpar do mesmo jeito, vou gastar só 3 reais e não corro riscos de ter que ouvir coisas sobre a adevocacia brasileira.


--

Moral da história 1: (Laris, emprestei essa de você tá?)
Em time que tá ganhando não se mexe. Se você precisa de uma coisa nova, experimente consertar a coisa velha antes com Durepoxi. Assim você evita esse tipo de decepção.

Moral da história 2:
Homem Glam existe mesmo??


**

Pro mocinho-querido: Beijo, não me liga!?
Pra mãe: adorei a surpresa no bolso da minha jaqueta branca! ;)

A vida segue

"Essa foi uma semana marcada pelo acúmulo de ácaros, um sono irregular que não dura o tempo de um jab e uma vontade filha da puta de escapar. Algum jeito de escapar. Da tortura, do compromisso inadiável e do desespero que não grita, que sussurra no ouvido e você sabe que ele tá lá, mesmo quando olha pra trás e vê que a rua está completamente vazia. Mas a vida segue. Sem grandes entusiasmos, sem olas da torcida e com aquele lastro de cartões de “boa sorte” que eu espero estejam todos lá, entre o Aurélio e livro da Alice, assim como eu deixei. Sobram os fins de noite bebendo um conhaque com o meu amigo Márcio Américo (ele bebeu energético) no boteco da esquina e a gente falando sobre morte, estupidez, desencontros e todos aqueles assuntos que a gente já vem conversando desde os nossos 18 anos de idade, que foi quando a gente se conheceu".
Mario Bortolotto

terça-feira, 16 de setembro de 2008

laços, fiapos e cabos de conexão

E da série, textos que gostaria, eu mesma, de ter pensado.... vale a pena ler o que Cecilia Gianetti escreve.


laços, fiapos e cabos de conexão

"A AUSÊNCIA DEFINITIVA de quem está vivo, e bem, e apenas levando outra existência na qual não cabemos, esta é a agulhada fria, a certeza de ter a companhia de uma cidade inteira de novas possibilidades, amizades, amores menos ariscos. Uma cidade viva e pulsante, que deslumbra e ofende na mesma proporção com que cresce. É sentir-se traído pelo silêncio de um só.
(...)
Rostos e fachadas de prédios que costumamos admirar não envelhecem; somem, tornam-se condomínios. Dão-nos assim a liberdade para reconstruí-los na mente conforme quisermos. Ou, em nossa maneira resignada, de nos assumir agora do outro lado, o do fogo silencioso na guerra que transforma os laços - urbanos, afetivos - em puro pó. Laços são material de pano fraco, jamais deveriam designar relações duradouras".

- -

Pro pai: as decepções e os laços desfeitos só me fazem mais fortes.

Pra você aí: obrigada por dividir comigo as obsessões pelas coisas simples.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

sexta-feira muito boa

Hoje o dia passou que nem rastro de bombinha de festa junina. Mil coisas, pensamentos, conversas... Tem vezes que a ansiedade me deixa meio maluca. Voei baixo até o metrô. Vagão, vagão, vagão, vagão. Relógio. Pensamentos. Lembranças e anotações pra não esquecer o shampoo sem sal e o papel. Algumas escadas. Palpitações. Não esquecer do envelope, do hidratante, do casaco e tênis. Ah, nem do livro e do iPod. Camiseta do Palmeiras não pode ficar de fora. Rua, rua, rua, faixa de pedestres. Um cara que fica aí parado todos os dias. Prédio. Interfone. Cadê a chave - bolsa grande é foda, pq nunca encontro o que preciso rápido. Oi, porteiro. Elevador não vem. Chegou. Ufa. Espelho. Um fio de cabelo branco. Ave santa! Saio. O tapete está enrolado de novo! Cacete! Toda vez. Claro, é difícil manter o maldito certinho no corredor! Porta. Correria. Telefone tocando. Tá, mãe, ja peguei uma blusa reforçada, beijo, me liga. Banho. Mala. Odeio. Se pudesse estralaria os dedos e já estava pronta. Roupas, calcinhas, sapatos, meias, blusa de frio, passagens, dinheiro, agenda, coisinhas, presentes pra irmãs, celular, vontade de ser mais feliz e de respirar ar puro por alguns dias, saudade louca pra matar. Acho que peguei tudo. Comer rápido. Quase queimei a torta. Cadê o bilhete único? Ônibus lotado. Saco. Rua, rua, rua de novo. Barra Funda. Milhões de pessoas - todas com pressa de paulistano desvairado. Plataforma. Número 15. Eba, tô indo! Entro e ouço todas as músicas até a bateria acabar e o tânsito da cidade dar uma trégua. Parada pra lanche. Xixi. Aproveito pra ver o finzinho do jornal na TV. Madrugada. E dá-lhe chão. Não chega nunca. Pego no sono. Sonho que tô num jogo do Palmeiras e o Arce ainda é jogador. Nossa! Pode isso? Acordei e vi a rodoviária redonda com cara de Oscar Niemeyer. Ufa, cheguei. Celular. Irmã vem me buscar. Eba de novo. Em casa. Silêncio. Gato me olhando. Odeio. Abraço, abraço, abraço. Mãe, irmãs, avó. É bom demais!

...

"And you still want me
I know because the smile that’s on your lips it’s for me
They were meant for me to kiss and you were meant to love me, darling"
The Kinks



Tem versos que eu mesma queria ter parido.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Quando o próprio amor vacila

Tem dias que a gente revive o passado, rememora alguns ex-amores, pensa nos momentos da infância, vê um filminho passar mesmo na cabeça. Não é?Pois é. Hoje tô nessa. Por isso, vasculhei umas antigas pastas de músicas e fiquei muito feliz em encontrar essa precisosidade, interpretada pela Bethânia. Sozinha, lavando roupas no tanque, sorri.

*

Quando o próprio amor vacila

Eu sei que atrás deste universo de aparências, das diferenças todas, a esperança é preservada
Nas xícaras sujas de ontem o café de cada manhã é servido Mas existe uma palavra que não suporto ouvir, e dela não me conformo
Eu acredito em tudo, mas eu quero você agora
Eu te amo pelas tuas faltas, pelo teu corpo marcado, pelas tuas cicatrizes, pelas tuas loucuras todas, minha vida
Eu amo as tuas mãos, mesmo que por causa delas eu não saiba o que fazer das minhas
Amo teu jogo triste
As tuas roupas sujas é aqui em casa que eu lavo
Eu amo a tua alegria
Mesmo fora de si, eu te amo pela tua essência Até pelo que você poderia ter sido, se a maré das circunstâncias não tivesse te banhado nas águas do equívoco
Eu te amo nas horas infernais e na vida sem tempo, quando,sozinha, bordo mais uma toalha de fim de semana
Eu te amo pelas crianças e futuras rugas
Eu te amo pelas tuas ilusões perdidas e pelos teus sonhos inúteis
Amo teu sistema de vida e morte
Eu te amo pelo que se repete e que nunca é igual
Eu te amo pelas tuas entradas, saídas e bandeiras
Eu te amo desde os teus pés até o que te escapa
Eu te amo de alma para alma E mais que as palavras, ainda que seja através delas que eu me defenda, quando digo que te amo mais que o silêncio dos momentos difíceis,
quando o próprio amor vacila


terça-feira, 9 de setembro de 2008

A piada

Mais uma vez, Mirisola:

"A vida não vale nada, aliás. Esse negócio de “qualidade de vida” só serve para corretor sacana vender apartamento de dois dormitórios em Osasco. Se a ciência realmente estivesse evoluindo, trabalharia no sentido de diminuir o tempo do homem sob a face da terra, e não o contrário. Em sendo assim, diante dos paradoxos e da hipocrisia social, temos, a meu ver, duas opções; quais sejam: a piada e o vislumbre da morte".

Prefiro a piada. E você?

Dores

Tive dores de estômago por causa da agonia. Ainda tenho. Agonia de viver fraca, o peito extravasado, o mel correndo. Liguei dezenas de vezes e nada. Esperei retorno e nada. E-mails e nada. Pensei em ir lá, mas a dor aumentaria certamente. Tomei então um digestivo para dissolver os sentimentos podres que brotavam nele, o meu estômago. Não adiantou, a dor era crônica e sentimental. Não tinha nada com comida - até porque faz dias que não como nada substancial. Pra ajudar, a cabeça desatou a doer. Pensei em bolhas que, ao invés de sabão, eram feitas de pedra e estouravam dentro do meu cérebro. Precisava resolver o drama de seu passado para ter, ao menos, um presente feliz. Pre-s-sente.

As olheiras vieram de brinde.

domingo, 7 de setembro de 2008

Aí vou eu!


Acabei de chegar da Barra Funda. Fui levar a Anne e embarcá-la pra casa. Pra Pequena Londres.

No meio daquela multidão de cores, pessoas e formas, pensei em quantas partidas e chegadas já assisti naquelas plataformas. Épocas em que o namorado ficava longe... E agora, épocas em que a família fica longe...

Malas
Mochilas
Passagens
Choro
Lágrimas
Muito choro
Risos
Abraços
Beijos
Olhares
A estação guarda de tudo um pouco mesmo.

Mas, eis que, depois de três meses sem ver o céu de Londrina, mal posso esperar para experimentar tudo isso de novo.
Sexta-feira estarei lá. No mar de sentimentos - a Barra Funda!
Rumando a minha querida terrinha!


sábado, 6 de setembro de 2008

O novo já nasce lindo

Experimentação. Instrumentos simples. Timbres novos. Penso que esses são os tônicos que serviram ao O Rappa para produzir o novo CD, 7 Vezes.
Confesso que andava bem ansiosa para ouvi-los novamente. Afinal, cinco anos separam o O Silêncio Q Precede o Esporro (último de inéditas) do novo disco. É claro que nesse intervalo ouvi um dos melhores acústicos da MTV com eles. Nesse último álbum, já havia me rendido ao som dos cariocas. Instrumentos lindos, coisas que eu nem imaginava que existissem, sonoridades inebriantes. Ouvi, reouvi, de todos os jeitos e formas.
Mas o longo intervalo de produção parece ter sido produtivo. O novo disco não deixa nada a desejar. As letras continuam a impressionar. Versos sobre imagens do cotidiano e da guerra urbana reiteram a capacidade da banda de cutucar a ferida bem lá no fundo, de falar sobre coisas que nos tiram de nossa vidinha mesmo que por alguns minutos.
A curiosidade por novos sons, herança do lindo acústico, permanece viva no 7 Vezes e fez cada integrante do grupo ter seus dias de Hermeto Pascoal. Guitarras, bateria, percussão e baixo se misturam aos timbres de garrafas, enxadas, embalagens de comida e até instrumentos infantis. Em tempos músicas muito parecidas umas com as outras, usar esses sons inusitados faz a gente lembrar do improviso, da simplicidade, da dignidade sonora. É uma maneira da banda deixar claro que não se esqueceu de onde veio. O resultado? Ah... não sei pra você, mas ao ouvir o 7 sinto que tudo que tá lá foi realmente tocado. Olha isso!:

*
Monstro invisível

Monstro invisível que comanda a horda arrasando tudo o que é de praxe
Eu tô laje acima no cerol que trás a vida pra baixo
Brilhante idéia de uma cabeça nervosa grafitando o outro muro de raiva
Eles já sabiam, mas deixaram a sina guiar a sorte
Vejo a minha história com a sua comunga!

Vejo a história ela comunga…Vejo a minha história com a sua comunga!
Vejo a história ela comunga…Vejo a minha história com a sua comunga!
Vejo a história ela comunga…Vejo a minha história com a sua comunga!

Poço lado sujo cria do descaso alimentando folhas em branco e preto
outra epidemia desanima quem convive com medo
Botões, atalhos amplificam a distância
E a preguiça de estar lado a lado veste a armadura esse é o poder solitário

*

De perto, ninguém é normal

Manias. Hábitos. Costumes. Sonhei que ninguém entendia meus tiques e me baniam do mundo. Acordei assustada. Fui tomar água na cozinha. Pra ficar mais tranquila, resolvi listar as benditas manias e ver no que dava. Será que fiz alguma coisa tão errada a ponto de poder ser chutada humanidade afora? No meio da madrugada, com pijamas e um cobertor nas costas, lá fui eu:

Sinto saudades dos personages quando acabo de ler um livro.
Tiro todos os anéis para ensaboar as mãos e passar creme.
Sopro no espelho e fico vendo as figuras que se formam com o bafo quente que sai do meu corpo.
Divido mentalmente as palavras que me vêem à cabeça sílaba por sílaba para me distrair. Como elas são perfeitas e simétricas!
Adoro ficar passando o rodinho na pia cheia de água.
Odeio lugares fechados, sem ar.
Quando acordo no meio de um sonho bom, fecho os olhos de novo e tento ver o final da história.
Faço quadrados quando estou falando no telefone. Muitos!!
Adoro sentir o vento do metrô chegando na estação batendo no meu rosto e bagunçando meus cabelos.
Piso somente nas faixas brancas ao atravessar a rua. (quando era criança, era um jogo: pisar na faixa preta era morte na certa!)
Fico rodando o anel do dedo anelar com o dedão.
Assisto à TV enrolando cachos de cabelo.
Lavo a louça dançando quando estou sozinha.
Bato sempre no vidro do aquário do peixe pra ver se ele está vivo mesmo.
Durmo esfregando as pontas dos dedos em chumaços da fronha do travesseiro.
Sorrio quando vejo um bebê.
Quando acordo no meio da noite, não acendo a luz. Enxergo tudo muito melhor no escuro.
Choro sempre olhando pro espelho.
Ouço mil vezes a mesma música.
Tenho um álbum com minhas fotos preferidas.
Folheio sempre minha maior herança: um caderno de poesia velho de alguém especial.
Começo a escrever um texto e paro no meio antes de terminar. Sempre.
Odeio gente que troca as bolas e opina sobre assuntos dos quais não entende - tipo, durante um jogo do Palmeiras.
Escrevo coisas num caderno e ninguém sabe onde o guardo.
.
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Parei por aqui e voltei a dormir.
"De perto, ninguém é normal"... Mesmo!!

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

abandono

O texto do Mirisola fala de:

abANDOno.
abandoNO.
aBANDOno.
abanDOno.
AbanDONO.

Vale a pena.

"A lista de abandonos é imensa, quase sempre fruto da escolha sabida e antecipada de antemão, não só da minha parte, mas também da escolha dos outros que me deixaram no meio do caminho. Vários abandonos, aliás, frutificaram desses enganos – aqueles de encontros que jamais deviam acontecer – e que mereciam mesmo ser deixados na poeira dos dias e esquecidos para sempre, como foram. Embora tivessem frutificado. Tive encontros que eram continuidade desses abandonos, e partidas que eram prenúncio de novos abandonos. Mas isso tudo tinha uma razão de ser..."

Mirisola.