quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Alguns passos...

... para trazer um bem estar infinito para os últimos suspiros de 2011:



>> Faça um set list com todas as músicas que você ficou de ouvir e ouça tudo até o final. Anote frases inspiradoras e cante alto seus trechos favoritos.



>> Vá até a livraria mais próxima (esse é sempre meu conselho, seja ano novo ou velho) e compre aquele livro que você sempre quis ler e ficou enrolando pra comprar. Nada melhor que começar um ano com um livro ultra desejado.



>> Chegue em casa, coloque seu episódio de seriado preferido ou seu trecho de filme favorito. Assista com gosto, ria com gosto, chore, se preciso. Faça-o acompanhado de uma cervejinha ou uma taça de vinho.



>> Antes de dormir, vale respirar fundo algumas vezes. Repassar momentos bons de 2011. Silencie sua mente e reúna energias para que em 2012 você supere esses momentos em quantidade e qualidade.



>> Por último, e não menos importante, faça uma lista de amigos que você precisa visitar e se agende com urgência. Não vai deixar passar mais um ano sem cuidar do amor de quem gosta tanto de você, só porque a famosa correria não permite. O que é mais importante?

terça-feira, 29 de novembro de 2011

É muito simples de acontecer. Pego sempre meus pensamentos por aí, perdidos em algum lugar entre seu sorriso e o meu, divagando sobre como seria se estivéssemos mais perto.



Basta ter um minuto de folga do cotidiano, para que minhas idéias recolham suas tralhas e saiam pelo mundo, estudando, medindo, ponderando o que seria de nós.

domingo, 25 de setembro de 2011

em casa

chegar em casa é entrar num lugar em que eu posso ser entendida com um simples olhar.


além disso, gosto do cheiro de café que se põe no ar de manhã, sobe as escadas e, junto com o som do assobio da mãe, chega no quarto. o melhor jeito de acordar as narinas, o despertador-mor.


ao longo do dia, mato a saudade de tudo: a melhor comida, as melhores companhias e, de vez em quando, me escapo em uma visita à rua onde cresci: Franz Hesselman, 463 (nome difícil de soletrar ao pedir uma pizza), mas isso é segredo -- minha mãe pode achar que estou nostálgica por causa disso e daquilo... mas não estou, ok? é só a vida que, às vezes, pede uma parada para olhar para trás e tal.


à noite, nos reunimos para falar alto, reclamar dos vizinhos e uns dos outros, opinar sobre a vida alheia (que está sempre toda errada) e até brigar, como uma verdadeira família. é incrível como a gente é tão dono de verdades absolutas, às vezes. a gente ri muito também e se abraça além da conta, eu diria que até exageradamente. é onde posso falar e fazer o que quero, deixando de lado a etiqueta. a gente reza também. antes de almoçar e jantar, sempre. eu gosto de nossas tradições. e acredito nelas porque quero.


antes de dormir tem biscoitos e leite, mas não sem antes terminar a novela.


coisas que só se tem em casa.




chegar em casa é como abraçar a minha vó: dá um aconchego no peito, o franzido some da testa. você até pode ir embora (deixar de abraçar), mas logo já se põe a pensar em quando você encontrará um tempinho para a próxima volta, o abraço seguinte.


***

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

desabafo bom.

Ei, chega mais. Deixa eu te contar que hoje sonhei com o dia em que nossos olhos se cruzaram pela primeira vez. Sua camisa verde, a impressora, o corredor, meu casaco cinza, o café ruim. E veja você: me peguei desenhando esse momento com os olhos fechados hoje. E deixa eu te contar que ainda me surpreende a forma como você virou o jogo. O jeito como nada sutilmente me enfeitiçou.
A vida ia bem. Estava decidida a caminhar sozinha um tempo, chutando as pedrinhas do caminho sozinha, comendo a batata do Mc sozinha, pensando no que fazer aos finais de semana sozinha, essas coisas. Foi quando você deu o golpe de misericórdia. Disse que era tudo ou nada. Cansara de bancar o meu refúgio de poucas (mas boas) horas. Tirou meu consentimento de te ligar a qualquer hora, te ver a qualquer hora, querer um beijo a qualquer hora. Encurralou meu coração, laçou minhas pernas que viviam bambas com seus beijos.
E, sem perceber, vi meu coração empalidecer. Passei a reparar no contorno das suas sombrancelhas, no formato dos seus lábios, no tamanho do seu amor por mim. Engoli o pedido de desculpas por toda a indecisão da minha vida e lhe tasquei um beijo que selou tudo: os chopes de convencimento, os presentes e cartas de amor, os emails gigantes falando sobre o céu, o amor, o nada.
Hoje, quero dividir minha batata do Mc com você, planejar minhas horas com você e sair de mãos dadas pelo mundo com você.
Ai que bom será se isso nunca acabar.




domingo, 21 de agosto de 2011

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

amores modernos 1

Sentada na cafeteria, apenas flertava com seu café numa boa, sem segundas ou terceiras intenções. Folheava o livro sem muito interesse -- desde pequena tinha apreço por figuras. A verdade é que não sabia porque trabalhava com palavras, se preferia os desenhos. Gostava também de ficar inerte em um café qualquer, pensando em nada mais que no movimento de seus dedos folheando as páginas de um livro ou uma revista qualquer.
Foi quando ele entrou, apressado, com o pescoço enrolado em um cachecol em busca de um café. Pé a pé, olhos serelepes, chegou em sua mesa, removendo as luvas e instalando um belo sorriso colgate em seus lábios rosados do frio.
- Você é a Michelle?
Os olhos inertes se descuidaram da revista e o miraram. Percorreram seu adidas surrado, suas calças coloridas e a camisa monocolor. Chegou ao cachecol preto e alcançou seu olhar, que sorria fosforecentemente. Teve certa pena ao dizer:
- Não sou a Michelle... Desculpe?

A face do moço perdeu o brilho. Parece que Michelle era alguém importante. Mas alguma coisa lhe fez fixar o olhar na expressão do novo habitante da cafeteria.
- Ah, imagine. Não precisa se descupar, eu é que peço desculpa. Você aí, toda vidrada em alguma leitura interessante. É que esperava encontrá-la. Sabe, não a conheço. Quero dizer, falamos pela internet algumas vezes, sem parar. Sei que ela gosta de vermelho, usa mais vestidos do que calças, é alta, bonita, tem os cabelos ruivos para combinar com suas sardas. Combinamos um café tem algum tempo. Ela disse que viria. Mas que besteira a minha.

Seus cilios se movimentam, frenéticos. Quanta informação! E não é que ele esperava um encontro com a tal deusa das sardas?
- Sabe, você pode não ter percebido, mas não sou ruiva, nem tenho sardas. Seria uma forma de descobrir...

- Puxa, é mesmo.
- Bem, você ao menos sabe se ela se chama Michelle mesmo?

- Por que ela mentiria?

(Não parece óbvio?, ela pensou)
- Porque vocês se falam em uma tela? Qualquer pessoa pode ser Maria, Michelle, Rita, Joana... Não preciso estudar anos de teoria da comunicação para entender que, nesses tempos de internet, o meio é a mensagem.

- (silêncio)
- Ah, vamos lá. Ruiva, com sardas? Bonita, inteligente? Eu posso ser a Penelope Cruz, se eu quiser que uma pessoa do outro lado da tela acredite.
Ele se senta. Ela não espera que ele admita a besteira.
- Sabe o que seria real?

- Hum?
- Você saber qual é o número favorito dela no Mc Donalds. Ou ainda saber se ela pede suco ou refrigerante light junto com seu big mac ou cheddar. Saber dizer qual é o seu Poderoso Chefão favorito (1, 2 ou 3), se ela curte Miles Davis ou Zeca Pagodinho. Se é do tipo filme de terror ou comédia. Kaiser ou Skol. Essas coisas...

- É... Besteira tudo isso.

(pausa e considerações).

- Desculpe mesmo.

E ele se afasta. Cada louco, ela pensa. E, quando está prestes a mergulhar novamente em sua leitura de imagens, ele se reaproxima e diz:

- Bem, mas qual é seu número favorito no Mc?

Ela sorriu, como quando vê chuva e sol (casamento de espanhol), ao mesmo tempo, na volta do almoço. Sentiu uma fisgada no estômago, um frio na barriga. Ele gargalhou com as bochechas. Ela abandonou a revista e os dois engataram um papo sério sobre preferências. Pediram mais café.

De repente, a Michelle ficou para trás de um modo definitivo.

domingo, 14 de agosto de 2011

Tenho saudade do que não vivo com você todos os dias. Das ligações que não faço. Do meu coração ligado no seu. De você não enxergar meu sorriso quando eu estou feliz. De você não compartilhar das dúvidas que surgem no meu caminho (e são tantas!). De não poder te contar que o trabalho vai bem, obrigada, e que planejo coisas lindas para o meu futuro. É ruim saber que você não estará lá... ou vai?

Essa distância besta que a vida insiste em fazer existir me faz esquecer de coisas importantes. Seu rosto, por exemplo. Já não consigo mais visualizá-lo sem olhar uma foto nossa. Sua imagem naquele dia, no parque, rindo com a gente como há muito não fazia. Você me deixou dirigir seu carro novo, nos olhava com afeto, não tinha ninguém que poderia nos tirar a felicidade.

Estive pensando: você me ensinou poucas coisas na vida. Entre elas está a mania de ler jornal, gostando muito do cheiro e da sujeira da tinta nos dedos. Acho que, de início, eu nem gostava tanto como gosto hoje. Eu lia apenas porque era um momento só seu e eu queria fazer parte de alguma coisa sua, transformando-a em algo nosso. Você, ali, querendo mostrar que sabia tudo. Eu ouvindo, fingindo que acreditava.

Tinha medo da sua desatenção comigo e com minhas irmãs. Lembra quando você me matriculou na série errada? De quando esqueceu meu aniversário? Pois é. Eu tinha pavor de que você me esquecesse no colégio, depois do horário. Rezava umas dezenas de ave-marias durante a aula para mandar o medo embora. E ele só se afastava quando eu via o seu carro.

Pensando bem, poucas vezes você mostrou seu apreço por mim. Só hoje – depois de grande – é que sei e percebo. Uma delas foi quando você me viu beijando meu primeiro paquerinha. Tenho certeza de que você teve medo aquela noite. Medo de eu estar crescendo, medo de perder a mão na minha educação, medo de eu fazer escolhas erradas. Não sei se era amor, ou se era o simples medo de dar errado como pai. Tudo bem, pai, você nem imaginava que nada disso importaria no futuro...

Hoje eu tenho apenas um buraco no meu peito. É saudade, falta. Não é nada muito grande, pois eu fui preenchendo com pequenas coisas que ajudam a aplacar essa falta.

Mas eu tenho umas porções extras de esperanças...

terça-feira, 19 de julho de 2011

porque a vida pede alguns manifestos

Sim: a saudade de ter sua mão na minha, no meu corpo; a vontade de sentir o cheio de chuva caindo na terra. Não: a mesa posta sem ninguém pra vir jantar; a casa vazia e fechada por causa da chuva forte lá fora (por que diabos não deixamos tudo molhar?).
Sim: as vezes em que seu olhar cruza o meu num momento fatal; os emails lindos que você me mandou quando seu Cupido me visitava com frequência (como um anjo da guarda de uma criancinha). Não: a felicidade intensa que as pessoas fingem viver ininterruptamente nos murais dos facebooks de suas vidas; não: os simulacros de momentos bons que postamos nas redes sociais, como se eles quisessem dizer t-u-d-o.
Sim: amor, encanto, ternura por você; pôr do sol, livros bons, cafunés que fazem o vazio do domingo se afastar. Sim: seus beijos, minha cabeça no seu peito enquanto vemos o filme da tarde, andar de mãos dadas com você. Não: a janela emperrada, a louça por lavar e os nós na garganta.
Sim: choro de felicidade e saudade boa. Não: choro de tristeza e inveja.
Sim: o passado limpo e bem vivido, consciência dormindo que nem bebê de tão tranquila. Não: pessoas que acham que o mundo vive em função de poucos; preconceito de qualquer gênero, número e grau (século 21, gente!).
Sim: às manifestações pela boa vida, marchas dos 'sem tristeza' e dos que não transpassam a cerquinha do vizinho (vamos parar a Avenida Paulista?). Sim: as tradições da paciência e do respeito; o bom e velho "se importar com o irmão ao lado". Sim: a primeira, a segunda e a (famigerada) terceira margem do rio (para os que conseguem enxergá-la). Sim: ritmo, riso, coro de alegria, marchinhas de carnaval, cerveja com amigos. Sim: chutar o balde, deixar areia entrar sem medo da sujeira que faz, ou a chuva molhar sem pensar na roupa que não vai secar.

Sim, sim e sim (3, meu número da sorte!): a gente não precisa entrar numa casa para ela existir (pelo amor de deus). Basta imaginar. Chamar a sorte que ela vem.. Sorte?

Será que as pessoas entendem? Será que eu entendo?

Tomara que sim.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Eventualmente, Laura entra em mim de um jeito irremediável. E passo a sonhar com sonhos antigos e imaginar umas combinações diferentes para a vida. Um gosto atmosférico de saudade me invade, junto com um sabor de arrependimento por não ter dito alguns sins que poderiam ter mudado esse lugar em que estou hoje, o meu aqui.
Ter asas nesse momento poderia dar vazão a isso.

Mas não dá.

quinta-feira, 30 de junho de 2011

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Quando fico longe de você é quando mais me apaixono por nosso amor.
É quando esqueço os traços do seu rosto e fico tateando você com minhas mãos no ar, para refazê-lo em minhas lembranças.
Me pego frisando a testa para tentar recordar o barulho do seu suspiro e o caminho dos seus olhos por mim.
Passo em frente ao ovos de codorna ou do queijo brie no mercado e penso em você e nas suas manias implacáveis.

Depois quando te encontro, o amor é maior.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Saudades:

- De ir à festa de república com os amigos, regada à música B, rindo à toa no canto de uma sala sem móveis até que a polícia peça para pararmos com o barulho


- Das terça tilt, quartas latinas, quintas de sambas, sextas brasileiras, sábados cover


- De festival de música, cinema e teatro bem acompanhada de amigos


- De criar motivos sem fim para fazer festa todos os dias


- De socorrer a amiga que chora no meio da festa e depois recomeçar a festa no meio da pista, ensaiando passos mais difíceis


- De ver a avenida vazia na madrugada e parar à beira do lago pra pensar na vida


- De passar na padaria da grande avenida pra coxinha e “longnet” de saideira


- De dar carona para outras pessoas que iam para a mesma universidade, sem medo. De passar de carro e ver o sol batendo forte naquela esquina bonita


- De curtir a falta de aulas e equipamentos na universidade com amigos queridos e a certeza de que a vida era suficiente assim


- De ter que decidir entre ver um filme clássico ou ir a uma festa improvisada na casa de alguém querido. Dúvida cruel


- De cachorro quente do Arnaldo, feirinha da lua, docinhos da Tia Alair, almoço no RU



E a lista só aumenta. "Eta, vida besta, meu Deus", como diria Drummond.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

O amor dentro do ônibus / Capítulo II

O choro surge da pontinha do coração. Passa pelas veias todas (as mesmas veias que guardam o roteiro dos momentos lindos que tem vivido) e chega à garganta com um gosto amargo. Um vendaval parece tomar o seu corpo, que já chora. Lembranças, sensações, tudo que foi falado. Tenta resgatar o momento inicial daquele furacão. Mas não consegue. Só faz tentar segurar o choro, para não arrebentar o fio da coragem de ser durona. Aprendeu a ter fibras para algumas coisas, mas em matéria de coração... Quando repara, só agüentou segurar até entrar no ônibus, quando o fio se rompeu rapidamente.

Da garganta, o choro abafado passa pelos olhos, que agora só vêem o cobrador do ônibus e a avenida passando pela janela. O pobre homem, que já está com o olhar de fim de turno (já são 23h), encara-a, trazendo junto com o seu bilhete único o choro contido. Quer consolar, mas não se consolam estranhos nessa cidade. O soluço já vem e os poucos passageiros também a olham.

Enquanto tenta buscar o que detonou aquela onda de emoções, a indignação aparece com cor chamativa e sente vontade desesperada de amar menos. Não por não ser bom amar - longe disso. Mas porque, quando ama, sente vontade de implodir em lágrimas cada vez que uma porta se fecha. A porta do futuro, a porta do carinho descontrolado, a porta da compreensão nos momentos delicados.

Passa o túnel que separa a avenida preferida e o caminho de casa. Não há mais volta – pelo menos não hoje. A solução é engolir o choro e esperar que a poeira seque. Tentou achar na memória outros tempos em que esse sentimento a tomara. Não existia. Nunca foi dada a dramas assim. É a primeira vez que lhe dói a esse ponto.

Todos no ônibus se perguntam o que lhe passa. Ela tenta esconder o rosto para não aparentar o sofrimento. O que a gente não vê dói menos, não é? Cicatriza mais fácil... Ela já aprendeu em outros carnavais familiares. Na bolsa procura o lenço e aproveita para rasgar a folha de papel que traz as promessas de futuro. O presente assusta o que vem pela frente.

O soluço aparece forasteiro. Explosão de sentimentos. Em que rua já está? Quase perde o ponto. A chuva não dá tréguas assim que seus pés habitam a calçada. O guarda-chuva já não cumpre sua função. Nem a sua tentativa de esquecer tudo isso. Agora a chuva não está só em seus olhos. Chove em toda a sua roupa. Sente o coração tremendo de frio, os ossos chacoalham de saudade de um abraço específico.

No espelho do corredor, os olhos estão vermelhos cor da paixão. Agora uma tristeza lhe invade. Já não há mais o que falar. Amanhã espera ficar tudo bem.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

O amor dentro do ônibus / Capítulo I

Sai de casa com a roupa preferida, pele hidratada, filtro solar em dia, anéis preferidos, cabelo despretensioso. Quer surpreendê-lo não só com o aroma de seu perfume novo, mas com o gosto de felicidade que leva em sua boca. Os últimos dias foram felizes e guardou a receita para os próximos feriados especiais que virão. Nada poderia dar errado. E, na rua, todos parecem reparar que aquela menina leva uma expressão satisfeita em seu semblante.

O motorista do ônibus lhe saúda com todos os dentes, dizendo bom dia e tentando entender que espécie de felicidade é aquela que a circunda. A cobradora deixa na ponta da língua a pergunta: qual é o segredo? Prefere encará-la. Alguns passageiros ainda levados pelo sono da manhã observam-na, agora lendo um livro atentamente, com um sorrisinho de canto dos olhos. Nada parece dar errado para ela, pensam.

Num movimento desavisado de paquera matinal, um homem desavisado resolve puxar conversa, querendo dividir não só o assento a seu lado, mas um pedacinho de sua vida e, quiçá, o seu amor. Já sonha em ter casa, filhos e uma família com ela, sentada ali, tão próxima. Ela lhe sorri diante do movimento. Mas dá para ver em seus olhos que seu amor tem um dono eterno pelo menos enquanto dure.

O passageiro entende e ainda assim permanece ao seu lado. Faz bem estar perto de quem está tão bem. Só lhe restou desejar ser amado um dia dessa mesma forma por um alguém.