quarta-feira, 29 de setembro de 2010

eu prefiro ser desequilibrada

Só ontem me certifiquei: o amor não é para os equilibrados. Definitivamente.

O amor que explode no peito e quando começa não tem hora pra terminar. Encanta e seduz, nos fazendo teimar cazuzamente pelo melhor. Cuida dos detalhes, faz carinho nas circunstâncias, abraça o inviável. Sorri das coisas mais simples. Briga até dizer chega, se necessário para que a paz se faça presente. Carrega pra cima e pra baixo a esperança de estar de mãos dadas com a pessoa amada eternidade afora. Não se importa com defeitos que parecem enormes à primeira vista. Dá vontade de ter sempre aqueles cabelos para acariciar. Inaugura gostos e sensações a cada novo olhar.

Torço, portanto, para que eu continue desequilibrada para sempre. E, quem sabe, ter todos os dias aquele bom dia com a cara amassada do meu lado?

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Brighter than sunshine

Aqualung

I never understood before
I never knew what love was for
My heart was broke my head was sore
What a feeling

Tied up in ancient history
I didn't believe in destiny
I look up you're standing next to me
What a feeling

What a feeling in my soul
Love burns brighter than sunshine
It's brighter than sunshine
Let the rain fall I don't care
I'm yours and suddenly you're mine
Suddenly you're mine
And it's brighter than sunshine

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

deixa o verão pra mais tarde.

Agora a febre é aqui dentro. Não há vacina. Existem raras chances de que eu consiga me libertar disso nesses dias corridos e cheios. O papo com a amiga de longe também foi longe. Os pensamentos viajaram até a lua para tentar achar uma dimensão para o raciocínio. Não há.

Não absorvo mais as leituras, as vozes das pessoas sérias, as campanhas políticas. Não sei mais o que é concentrar-se em mim (o pensamento é fixo em outro). Não escolho mais as fantasias certas e as meias que não rasgam durante os bailes. Não enxergo o que há de errado. Não lembro como é desatar o nó na garganta. Não sei qual é a vacina para isso. Não faço as distinções entre sentimentos dos outros.

É uma revolução do não. Espaçosa e incompreensível.

Me preparo, sim, para um período de cheias. Enquanto não chega, desisto como quem deixa o verão pra mais tarde.

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Não tô muito afim de novidade
Fila em banco de bar
Considere toda hostilidade
que há da porta pra lá

Enquanto eu fujo você inventou
qualquer desculpa pra gente ficar
E assim a gente não sai
que esse sofá tá bom demais
Deixa o verão pra mais tarde

(Deixa o verão pra mais tarde, R. Amarante)

terça-feira, 21 de setembro de 2010

falta luz e sobra pensamento idiota

A luz acabara mais uma vez enquanto chegava em casa. Suspiro. É um misto de vontade de xingar a companhia de energia com desejo de chorar porque alguma coisa poderia ter dado certo naquele dia. E o jeito de subir as escadas com a iluminação do celular vagabundo. E o toque nas paredes geladas. E o tropeço naquele degrau fininho que está sempre ali e insiste em tornar as coisas ainda piores.

É, o dia foi um bocado difícil, cercado de pensamentos imperfeitos.

Abriu a porta. O janelão da sala permitia que a lua iluminasse a parede branca atrás do sofá. O estoque de velas nas gavetas tinha acabado e não era possível fazer outra coisa senão pensar.

Chegou no quatro apalpando paredes, estante, fotos. Deitada, só lhe restava encarar aquela escuridão imensa. Queria brigar com aquelas idéias absurdas e demais caraminholas que a tinham dominado. Chorar não vai adiantar. ‘Você precisa controlar o que está dentro de você’. Já não era sem tempo. ‘Tomaria um banho agora’, pensou.

Silêncio.

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Olhava pro teto, a escuridão não terminada nunca. E os pensamentos...

O problema era a sua vocação de não se acomodar com o que lhe incomoda. Falar demais, ir além do normal porque alguma coisa lhe dói. Quer resolver tudo numa tacada só. Mobiliza suas forças para dissipar suas dores. Mas... ‘há muitas coisas em seu coração que nunca se deve contar a ninguém’, pensou. Como os pesadelos, quando eles insistem em te assombrar.

Respirou pausadamente, tentando entender tudo e, com sorte, calcular quanto tempo de escuridão ainda teria de suportar. Pensou em amor, flores, cartas, saudades, tristeza e solidão. Tudo na balança, não fazia sentido se chatear tanto.

Silêncio de novo. Mais respiração (como a gente esquece de respirar durante o dia...). E a luz voltou. Bem a tempo de ela entender que o amor é tão maior...

Deu graças a Deus e foi tomar seu banho.