terça-feira, 21 de setembro de 2010

falta luz e sobra pensamento idiota

A luz acabara mais uma vez enquanto chegava em casa. Suspiro. É um misto de vontade de xingar a companhia de energia com desejo de chorar porque alguma coisa poderia ter dado certo naquele dia. E o jeito de subir as escadas com a iluminação do celular vagabundo. E o toque nas paredes geladas. E o tropeço naquele degrau fininho que está sempre ali e insiste em tornar as coisas ainda piores.

É, o dia foi um bocado difícil, cercado de pensamentos imperfeitos.

Abriu a porta. O janelão da sala permitia que a lua iluminasse a parede branca atrás do sofá. O estoque de velas nas gavetas tinha acabado e não era possível fazer outra coisa senão pensar.

Chegou no quatro apalpando paredes, estante, fotos. Deitada, só lhe restava encarar aquela escuridão imensa. Queria brigar com aquelas idéias absurdas e demais caraminholas que a tinham dominado. Chorar não vai adiantar. ‘Você precisa controlar o que está dentro de você’. Já não era sem tempo. ‘Tomaria um banho agora’, pensou.

Silêncio.

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Olhava pro teto, a escuridão não terminada nunca. E os pensamentos...

O problema era a sua vocação de não se acomodar com o que lhe incomoda. Falar demais, ir além do normal porque alguma coisa lhe dói. Quer resolver tudo numa tacada só. Mobiliza suas forças para dissipar suas dores. Mas... ‘há muitas coisas em seu coração que nunca se deve contar a ninguém’, pensou. Como os pesadelos, quando eles insistem em te assombrar.

Respirou pausadamente, tentando entender tudo e, com sorte, calcular quanto tempo de escuridão ainda teria de suportar. Pensou em amor, flores, cartas, saudades, tristeza e solidão. Tudo na balança, não fazia sentido se chatear tanto.

Silêncio de novo. Mais respiração (como a gente esquece de respirar durante o dia...). E a luz voltou. Bem a tempo de ela entender que o amor é tão maior...

Deu graças a Deus e foi tomar seu banho.

Um comentário:

Rô disse...

Sim, meu bem! O nosso amor é bem maior que tudo... de um tamanho infinito!
Te amo!