terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

o malefício da dúvida

Não é de hoje que penso nisso e a cabeça entra numa roda eterna. Na fila do suco verpertino, outro dia, peguei no ar dois ou três pensamentos repetitivamente doídos. Examinei-os. Eram dúvidas, interrogações, incertezas - todas elas com cicatrizes permanentes, de tanta porrada que me encarreguei de lhes dar ao longo dos últimos meses. Não sem espanto, percebi que tinha dúvidas até mesmo para saber qual era sabor de suco que queria para rechear meu canudinho. Morango com leite, manga, melancia com limão ou laranja com mamão? Todos muito saborosos e promissores para aquela tarde quente. Mas não fui capaz de eleger um sem antes divagar por dez minutos em frente ao cardápio. Afinal, escolher manga significa deixar de aproveitar o azedinho do limão que vem com a melancia e que me dá uma coceguinha pontual na língua. Já o mamão com laranja me lembra suco na rodoviária quando vamos embarcar pra casa.

(pausa para pensar... de novo)

De uns tempos pra cá, algum vento (que vem não sei de onde) tem se encarregado de trazer pra perto de mim uma insegurança que não é minha. Esse mesmo vento intruso traz porções generosas de falta de compreensão de mim para mim mesma e o que reina é "o que fazer?", "por onde ir?", "com quem ir?".

No final dos minutos, dei conta de eleger o meu sabor, mesmo com o coração na mão e um sentimento de pesar por ter deixado o outro de lado. Na vida é assim, não? Escolher o suco de morango traz o benefício da fruta docinha e da combinação perfeita com o leite, mas, por outro lado, você deixa de ter o azedinho do suco com limão. É ganhar e perder, ao mesmo tempo, sem dó ou piedade. Carinho de um lado e sofrimento do outro. Resta esvaziar a cabeça com tantas dúvidas e deixar a massa cinzenta escolher sozinha. Ou não?

Um comentário:

Aline disse...

Deixa morrer o que deve morrer, viver o que deve viver. Tenta não pesar em certo ou errado..comece separando o que é construtivo do destrutivo. beijosadoroseublog Aline