terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

A combustão interna começou quando as borboletas acenderam a faísca de seu estômago. Faz mais de meses. A faísca não dói. Faz apenas uma coceguinha cazuzamente sutil nas paredes estomacais. Aparece sorrateira quando vê o amor nos olhos do outro. Um mexilhão invade seu sangue e o fogo vai deixando o estômago por veias secretas ao cérebro. Não há como controlar. Por lá, só fica o frio na barriga.

Com as veias quentes e o sangue desgovernado, não tem mais o supremo poder dos seus sentimentos. Gosta de ser amada. Quem não gosta? Sambar com o carinho do outro de mãos dadas, as borboletas coordenando os movimentos, o suor pingando na roupa, o sorriso de orelha a orelha, as bochechas na cor de maçã.

Quando o fogo se abranda e as veias voltam ao seu estado normal, sua alma deixa de sambar e os braços, de sacolejar. O outro se afasta e leva seu carinho cheio de promessa de futuro. O sorriso escorre pra dentro do rosto e o suor fica mais salgado e vira lágrima. As bochechas ficam hepáticas. O frio na barriga vai embora e o sentimento fica perdido em algum lugar de sua retina.

É quando o vazio toma conta de seu corpo. Um corpo oco, surtado, frio. É quando pode se dizer que, se seu coração fosse um céu, seria um céu nublado e sem estrela alguma.

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