segunda-feira, 9 de novembro de 2009

um amor assim tão delicado

Quanto de abismo e amor existe nessa relação? Qual é a proporção? Nunca soube dizer. Por isso mesmo, minha mãe é um desses mistérios delicados de revelar. Eu já sabia que a amo incondicionalmente, claro. Mas posso dizer que tenho reforçado meu amor por essa mulher de cabelinhos negros e curtos, franjinhas cativantes, olhar mendigo de carinho e um abraço de acalmar tempestades.
Morar longe dela me deu mais paciência para desvendá-la, descobri-la, interpretá-la, admito. Quando ficamos próximas, como nesse final de semana, percebo o quanto, de fato, eu amo essa mulher. Amo de um amor de temperatura alta, cheio de graça e bom humor. Como todas as vezes em que nos encontramos, ela me abraçou, me perguntou se fui bem de viagem e me levou pra comer alguma coisa "porque não tinha almoçado e esse calor não é brincadeira, filha". Simples, assim. E eu a amo, de graça.

Ela tem a linda mania de me chamar de "minha filha". Não "filha", mas "minha filha" , como se fosse preciso reforçar que eu sou dela mesmo. Adoro essa mania.
Nesse final de semana, ela mal podia se conter por ter as três crias juntas, debaixo de sua asa recém-sarada, escondendo cicatrizes de um passado ainda tão recente, tão doído. Aliás, impressiona-me como seu sorriso fica mais largo quando estamos reunidas. Exibia-nos com paixão para todos. Em vários momentos, só fazia nos olhar atentamente, agradecendo a Deus por tanta felicidade de ter-nos ali e achando tudo mais lindo porque éramos 4 e não 3, 2 ou 1. E eu tenho cada vez mais facilidade em atender qualquer pedido dela, simplesmente porque ela é toda doação. Por que eu não seria também?
Agimos diferente em muitas situações, claro. Discutimos, divergimos como qualquer mãe e filha. Mas o que importa é que sua capacidade de se emocionar com pouco e sua sensibilidade para entender tudo com um olhar estão no meu DNA. Quem dera eu tivesse metade de suas fibras também, para dar conta do tranco que insiste em me manter alerta diariamente.
Chuva? Sol? Tempestade? Dúvidas? Dor de estômago? Por vezes, eu não sei como aliviar, mas ela sabe. A única certeza que tenho é que ela estará no horário combinado, na rodoviária, me esperando para me dar aquele abraço exagerado. E eu me sinto tão bem quando estou nos braços dela...

6 comentários:

Anne Festucci disse...

me lembre da musiquinha: ela me faz tão bem... ela me faz tão bem...

saudades dessas quatro mulheres, fortes e corajosas q conheci e nunca vou esquecer...

amo vcs!!!

Verena Ferreira disse...

Anne-Maria,
Você sabe do que eu tô falando né? Sua mãe é a mesma coisinha!
:)
saudade, meu bem.

Anne Festucci disse...

pois é pois pois é...
por isso me identifico tanto com vc!!

mil beijos

Verena Ferreira disse...

É que eu pecebi que tenho sido injusta nos posts: lamentar tanto pelo meu pai e sequer mencionar que minha mãe é a coisa mais cuti-cuti do mundo?! Besteira!

Rafaela Manzo disse...

Que lindo, Vê.
Sabe que eu senti a mesma coisa a pouco tempo: a perda do meu pai me fez cultuar todas as coisas dele a ponto de me esquecer a mulher que me colocou no mundo, o quanto ela tinha se tornado forte para ser pai e mãe, sabe? E que ela estava SEMPRE perto. Ainda bem que Deus nos arruma um jeito de lembrar! ;)Como sempre, super me identifico com suas histórias. Adoro! Sua mãe deve ter um orgulho imenso de você.. Bj

*Livia* disse...

Aiiii
Mãe é tuuuudo de bom nessa vida msmo, viu???!!

Bjooooooooooooo