quinta-feira, 12 de novembro de 2009

lacuna

Adorava clichês - mais que qualquer ser humano. Há dias imaginava o momento em que a paixão chegaria novamente e se sentaria ao seu lado, convidando-a para dançar, dar-lhe as mãos em um passeio inesquecível, levá-la para ver o mar, o céu, as estrelas. Mais de uma vez, a paixão esteve por perto, mas foi embora desavisada. Melhor assim? (Sofre com isso).
Sem sintoma aparente, conservou a esperança de que ainda vai revê-la de um jeito nada efêmero e ela vai despertar sua mente para todos os melhores clichês, preencher os vazios de seu coração e levá-la ao lugar dos que amam em qualquer lugar e hora.
Por isso, que viessem os encontros breves e inesquecíveis. Que viessem as mãos suadas pelo calor intermitente da pele, os joelhos trêmulos, a preocupação com a direção do olhar. A escolha da melhor frase, o cuidado em falar de passados e futuros, a palpitação do coração querendo pular pra fora antes do fim. Que fossem bem-vindos os beijos imediatos e intermináveis, os perfumes e os abraços milimetricamente esperados, os sorrisos por qualquer coisa dita, o despudor em sentir, o carinho com cada detalhe do dia, da roupa, do brilho nos olhos.

Mas permanecia uma lacuna.
Enquanto isso, ela mantem seu próprio caderno de clichês.

2 comentários:

*Livia* disse...

Tudo a seu tempo, minha linda!
Quando vc menos esperar, os clichês estarão aí de novo, nao apenas quardados em um caderno cheio de esperanças...

Anônimo disse...

Cada vez eu gosto mais desse texto