segunda-feira, 25 de maio de 2009

li Cordilheira e depois Comi Rezei Amei...

- Um dia alguém teve uma puta sacada, arranjou uma grana e colocou 17 romancistas em aviões para 17 destinos diferentes. (É o tipo de ideia que eu gostaria de ter tido primeiro) O porquê? Eles deveriam buscar material em cidades como Buenos Aires, Dublin, Sidnei e tantas outras para escrever sobre o amor. Dos mais diferentes e exóticos aos mais simples e maternos - o amor. Amores Expressos é o nome da coleção e o primeiro filho a ser publicado foi Cordilheira, de Daniel Galera. Perdas, encontros e desencontros são as matérias-prima para a obra. Até aí, nada de novo, mas não pense em clichê, pois ele não teria espaço aqui. O livro faz refletir sobre os limites nem sempre definidos entre vida e arte - uma sobreposição elegante, mas que pode ser um impasse. Esse é o caso da personagem central, a escritora que vai a Buenos Aires falar sobre sua obra em uma feira e aproveita pra passar um tempo na cidade. No seu caminho pra conhecer tudo e se livrar de uma avalanche depressiva que a assola, a escritora conhece um grupo de autores lunáticos que se encarregam de dar formas aos personagens centrais de seus livros. A história toma um rumo inimaginável (ponto pra Galera!), abafada por um final pouco interessante. Mas nem por isso deixo de concordar que a maneira como o autor amarra as pontas dessa maluquice toda é de se chamar a atenção. Da leitura de Cordilheira, levo a vontade de escrever um romance o mais depressa possível. Resta saber onde estão as pontas, como fazer para amarrá-las e descobrir quem, além da minha mãe, leria um livro meu... (Ouvi dizer que vai virar filme!! Aposto em Leandra Leal para o papel central!).

- Falando em amarras e romance, minha outra leitura é Comer Rezar Amar, de Elizabeth Gilbert. Não é de hoje que me recomendam este livro. É que costumo ter um pé atrás com livros que venderam zilhões e que são uma história real narrada em primeira pessoa - tudo muito didático e expositivo (gosto dos requintes que a ficção oferece). Mas alguma coisa me puxou pra ele esses dias. E nada é por acaso. Uma vez que li o primeiro dos 108 capítulos não parei mais. É basicamente assim: depois de intensas crises de choro, Liz simplesmente resolveu aceitar sua condição - tinha 34 anos, não queria ter filhos e não queria mais estar casada. Sofreu horrores, se apaixonou no meio ao divórcio (tudo fácil!), e, ao invés de recorrer a remédios para depressão, resolveu tirar um ano para viajar e buscar o equilíbrio que lhe faltava. Itália, Índia e Indonésia são os destinos escolhidos - uma jornada para Comer Rezar Amar. Ao dialogar consigo mesma, Liz coloca um espelho na frente de seu leitor e, enquanto lemos, é possível nos vermos em situações e questionamentos parecidos, sempre em busca de um equilíbrio que parece tão improvável, de um amor próprio que tantas vezes nos escapa. O mais interessante é que não precisei viajar pelo mundo, aprender italiano e praticar ioga e meditação pra descobrir que o melhor que podemos fazer com relação a nosso mundo incompreensível e perigoso é praticar o equilíbrio interno - por maior que seja a insanidade que exista do lado de fora.


- O que há de semelhante entre Cordilheira e Comer Rezar Amar? Bom, depois de ler os dois, fiquei com muita vontade de tomar uma cerveja com Galera e sentar pra conversar Liz...

2 comentários:

Amanda Proetti disse...

A gente tá mesmo em total sintonia, já percebeu?! Pequei o livro na sexta, mais do que emprestado, uma amiga não só o sugeriu como foi no quarto, pegou o livro, colocou nas minhas mãe e disse: leia, vc precisa! rsrsrs

Irresistível né?!

Delícia de resenha... com requintes de poesia...

Beijos

Larissa Saram disse...

Também emendei um no outro. E a vontade de pegar o passaporte e esquecer da vida foi enorme...