No Antares, a gente costumava brincar de pé-na-lata, caça-ao-tesouro, pique-esconde e casinha na árvore. Bastava ter tamanho suficiente pra entrar na dança. Integrante da turma que se prezava tinha que fazer bonito. Gente folgada, mimada, estava fora, não tava com nada. A criatividade tinha que ir longe.
A gente estendia uma rede (que compramos em uma vaquinha de semanas de mesadas) de um portão a outro e jogava campeonatos e campeonatos de volei. Quando um carro atrapalhava a festa esportiva, todo mundo ajudava a levantar a rede pra não enroscar na antena. O problema é quando a bola caía na casa com portões imensos e cercada daquelas árvores pequenas com espinhos. Espinho-espanta-crianças. É que a gente tinha medo da dona Julieta, portuguesa brava que morava lá, e a gente não tinha coragem suficiente pra pedir a bola de volta sem levar uns gritos na orelha. Mas ela sempre devolvia a bola, só que com a cara de quem tinha chupado uma dúzia de limões de uma vez só. E a gente suspirava com o desfecho.
Nos dias de chuva, a brincadeira não parava. Não podia! O baralho - regado a bolinhos de chuva de uma ou outra mãe que gostava de fazer - não deixava a gente ficar parado. Truco, tranca, tapão, buraco, dorminhoco...
Outra opção era brincar de escritório. A gente chamava todo mundo pra brincar, porque o nosso escritório era grande, uma grande firma.... A gente usava o barzinho do meu pai de cenário. O telefone velho e as listas telefônicas antigas eram a coisa mais importante. A gente revezava os cargos - eu, Jasmine, Aline, Tainá, Francine e minhas irmãs, claro. Diversão garantida.
Sabe uma época que não faltava ar nos pulmões, hemoglobina no sangue e amigos com quem contar nas horas difíceis? Então...
Hoje eu "brinco" de escritório todos os dias. Tenho uma mesa, um telefone e (veja só) um computador só pra mim. Mas não chamo ninguém pra brincar comigo.
3 comentários:
hoje dá pra brincar de paciência...
Ah, vá! Escrever um texto sobre artrite reumatoide (nova ortografia)é superlegal, não? ;)
Hahahahahahaha
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