terça-feira, 16 de dezembro de 2008

sem pretensões

Foi quase que num passe de mágica que o desânimo dele se escafedeu. Ao colocar os pés no Museu do Futebol, instalado no Pacaembú, ele sorriu que nem criança. Fazia um sábado quente e sonolento e, apesar de não querer ir no início, ele sentiu satisfação por eu ter insistido na idéia.

Já na primeira exposição, homenagem ao Rei Pelé, ele percebeu que aquela volta no museu seria mais que um passeio. A bola dos 1000 gols, os uniformes, os vídeos, os títulos todos, o tal gol "de placa", as chuteiras eternizadas em fotos bem antigas! Um errinho e outro no registro das informações não passaram despercebidos, claro! Ele já sabia de tudo aquilo - só que nunca tinha visto tudo junto, em uma coisa só.

Na sala "grande área", a mistura de poesia e futebol deu o tom à sucessão de imagens de pés jogando bola. Rivaldo, Rivelino, Sócrates, Zico, Roberto Carlos e tantos outros fenômenos em ação. E na sala das gravações, ele parou na locução que mais lhe fazia tremer: a do gol que o fez palmeirense em 1993!! Uma porta giratória depois, e caímos na "sala das torcidas"... Por ser embaixo das arquibancadas do estádio, o espaço (muito quente, por sinal) reúne imagens de câmeras que flagraram somente expressões de torcedores! O resultado? - os gritos, caras e bocas das principais torcidas do país tiram o fôlego até do visitante mais desavisado! Tem horas que é como se estivéssemos em baixo do bandeirão de uma torcida animada depois de um golaço!

Na "sala das copas", mais emoção. Displays em formato de taças contam toda a história, com trilha sonora de cada época. Nessa hora, ele sumiu da minha visão... Encontrei-o em frente à foto da seleção da copa de 50, aquela que perdemos bem aqui em casa, no Maracanã novinho em folha. Na cara dele e na imagem dos jogadores, só silêncio... E, claro, ainda tinha mais: bandeiras, informações sobre todos os clubes brasileiros (o LEC tb!!), imagens em 3D e o pênalti que todo mundo pode bater!

Enquanto esperava na fila do chute, o olhar dele parou em uns guris que jogavam bola num campo virtual. Acho que tentava encontrar na memória o porquê de não ter sido um jogador de futebol, um sonho antigo... Imaginou-se um meia pra criar passes mágicos, um centroavante inteligente ou um atacante que finaliza como ninguém! E tudo o que tinha visto ali só sublinhava ainda mais a sensação que ele tinha de nunca ter se sentido tão à vontade, tão em casa como naquele sábado que, de sonolento, não teve nada...

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Apesar de uma ou outra informação fora de lugar (que já deveria ter sido consertada) e da falta de um ar condicionado funcionando, o Museu do Futebol cumpre um papel importante. Ele reúne o que temos de curioso e, talvez, precioso sobre o futebol (sem privilegiar um time ou outro). Mostra também como o Brasil transformou um esporte que veio de longe... Além disso, em tempos de gurizada que só quer saber de camisetas oficiais de times europeus, o Museu é um passeio despretensioso e interessante.




Tubarão! Tubarão!

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