E daí que ela tirou sua solidão para dançar. Tocava a música preferida quando a cortejou como quem tem segundas, terceiras intenções. Depois de apertá-la forte contra suas coxas, as duas rodaram o salão para orquestrar sentimentos, com sutileza. Um bailado nervoso, intenso, desordenado.
A intenção era pisotear (com classe) o chão feito de ilusões. A cada giro, seu cabelo estapeava o vento, as curvas ajudavam a despedir dores, os quadris espantavam a melancolia. O saculejo desatou nós que tem com a vida, coisas não resolvidas.
Ao longo do vai-vém, tropeçou em algumas culpas, mas não caiu. Aprendeu a conviver com os movimentos negativos.
Acabou a dança, limpou as lágrimas ousadas e ainda sim sentiu um medo. É que até a solidão exige uma companhia ideal.
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