sexta-feira, 25 de dezembro de 2009
espero
Espero que sua ceia tenha sido plena de coisas boas e que sua passagem para a meia noite tenha sido cheia de abraços e beijos de gente queridas.
Espero também que a vida não tarde em nos reunir novamente em um Natal qualquer, pra podermos brindar nossa história, nossos erros e acertos.
Te amo, pai. Feliz Natal. Nos vemos em breve, não?!
quarta-feira, 23 de dezembro de 2009
Quando o pai esquece o filho do primeiro casamento
"Um homem que se finge de burro é mais burro do que um burro honesto.
O que me dói é ver um pai casar de novo e esquecer o filho do primeiro casamento. Esquecer. Nenhum cartão de Natal ou presente debaixo da lareira.
É que ganhou um herdeiro do segundo casamento, está envolvido na escolha do enxoval, no anúncio do jornal, em fumar charuto com o sogro e com aquela vaidade suprema de ostentar para sua esposa que é experiente e sabe segurar a criança.
Ele apaga a casa anterior — com o que havia dentro dela — e se apega à casa recente. Entende que sua criança ou adolescente cresceu o suficiente para não depender mais dele. Nenhum filho cresce o suficiente para ser órfão de repente, não importa a idade.
Aquele filho a quem amava e criava com zelo, a quem aconselhava e trocava as fraldas passa a existir somente como uma pensão, uma linha do seu contracheque. Não pergunta. Não telefona. Não se encontra fora de hora. Está muito ocupado criando um bebê. O que dá para entender é que ele não ama o filho, mas a mulher com quem se encontra no momento. Faz qualquer coisa para agradá-la, inclusive negar a paternidade do primeiro casamento.
É do tipo ou tudo ou nada, ligado à figura masculina patriarcal, que oferece e tira conforme suas vantagens. Não é bem um pai, mas um latifundiário emocional, desconfiado, sob permanente ameaça de invasão de suas terras.
Mãe é diferente, sempre se elogia quando menciona seu filho. Mareja os olhos ao mexer na gaveta das camisas, coleciona bilhetes e desenhos, inventa uma porção de neologismos no abraço. Não se guarda para depois, para um melhor momento, está disposta a conversar pressentimentos e costurar recordações.
Pai costuma se omitir no momento do desabafo. É comedido demais para estar vivo. Troca de personalidade, de residência, de amor, o que precisar, no sentido de prevenir a sobrecarga de problemas. Para namorar, ele some por meses (exatamente o contrário da mãe, que administra o final de semana com o apoio da babá e da avó). Homem ainda não conseguiu conciliar sua vida profissional com a afetiva. Não é capaz de unir nem a vida afetiva pregressa com a vida afetiva atual. Cuida de um afeto por vez. Pai não forma sindicato, não cria associação. Continua defendendo que ninguém tem o direito de se meter na vida dele e converte em inimigos os amigos que insinuam sua indisposição filial.
Ele se separou de uma mulher, não do seu filho, mas culpa o filho porque não consegue completar uma frase com a ex. Parte do princípio de que ajudando o filho está ajudando a ex. Gostaria de matá-la, mas então se mata para o filho.
Ou entende que seu filho deve procurá-lo, cria paranoias e neuroses para aliviar sua culpa. Age como um ressentido, fala mal do filho do primeiro casamento para a mulher do segundo casamento, alegando ingratidão. E a mulher do segundo casamento concorda com o absurdo porque está preocupada com o nenê e deseja a exclusividade do marido. E não entende que um irmão depende do outro irmão, que uma família não cresce por empréstimos.
Homem tem que aprender a sofrer em público, sofrer por um filho o que sofre por uma dor de cotovelo, apanhar das cólicas e da coriza, desabar numa mesa de bar, beber interurbanos, fechar a rua e o sobrenome para encurtar distâncias, chorar nas apresentações escolares, fingir abandono a cada despedida, para só assim mostrar que pai, pai mesmo, nunca será dispensável".
Do Carpinejar aqui ó
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Ps 1 - precisa falar mais alguma coisa?
Ps 2 - estou repensando esse blog, principalmente porque não quero mais ser essa pessoa de 2009.
segunda-feira, 21 de dezembro de 2009
dois passos
2. Viver apressadamente os próximos 3 dias.
quinta-feira, 17 de dezembro de 2009
segredo de justiça
domingo, 13 de dezembro de 2009
pingos nos is
Laura não é do tipo que muda radicalmente o corte de cabelo ou a cor do esmalte, nem é do tipo que varia ruas, amigos, namorado e intenções. É, sim, do tipo que fala facilmente com estranhos, buscando simpatia e oferecendo apreço de graça. É do tipo que se apaixona por pessoas que falam frases perfeitas, riem exageradamente e gostem de ouvir e falar na mesma medida.
Não é do tipo que dispensa guarda-chuva, mas entende quem os deixa de lado. É do tipo que fecha os olhos na montanha-russa, mas não esquece o arrepio que isso causa. É também do tipo que coloca almas em pedestais para se arriscar a desvendá-las e é do tipo que quer alcançar o céu para descobrir a textura das nuvens. Laura é do tipo que sofre com o desprezo e indiferença, mesmo quando eles vem de pessoas que mal sabem de onde ela veio, quem ela é.
Laura não é do tipo que se explique facilmente. É do tipo amorosamente complicada e longamente confusa e, com isso, é do tipo que perde tempo pensando e repensando decisões simples. Não é do tipo que chora para chamar a atenção, mas que chora por dar atenção demais às coisas doídas da vida. É do tipo que ama um bom domingo com aquela farofada
E hoje é domingo, está nublado lá fora e Laura está longe de casa... precisa dizer mais alguma coisa?
terça-feira, 8 de dezembro de 2009
Quando muita coisa ruim acontece junta, é sinal de que alguma coisa boa vai acontecer?
Diz que sim, diz que sim, diz que sim?!
segunda-feira, 7 de dezembro de 2009
sexta-feira, 4 de dezembro de 2009
hoje o disco só tem um lado
Às vezes, sinto saudades sinceras e gordas de quando a gente usava os discos de música com lados A e B. Assim como os discos de vinil que o pai punha pra gente aos sábados à tarde, enquanto lavava o carro e o cão e engraxava seus sapatos. Eram tardes sabáticas em que era permitido fazer quase tudo: brincar, dançar, sapatear, girar a irmã mais nova pelo braço, pular sem chinelo na grama, subir o pé de não sei o quê do quintal... A mãe lá dentro cuidando da casa, a gente lá fora e uma nuvemzinha de felicidade genuína pairando em cima das nossas cabeças.
E aí acabava o lado A do disco e o pai me deixava trocar a bolacha de lado. Corria apressada até o som, parava e respirava diante do vinil ainda tentando entender como um treco redondo daqueles podia trazer tanta alegria para aquela casa. É que a mágica vespertina dos sábados só começava quando o 'on' do som era ligado pela mão de dedos quadrados do pai. Ouvíamos vários lados de vários discos e éramos felizes. Felizes de deixar os dentes brancos e as bochechas coradas.
Época boa, sensação boa. Um salve para essa capacidade doida de guardar histórias como essa! É o que me salva nesse momento.
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ps 1 - Tô contando os segundos para que essa semana acabe e eu possa esquecer que ela existiu
ps 2 - Quero minha mãe!
ps 3 - Quero meu pai!
quinta-feira, 3 de dezembro de 2009
quarta-feira, 2 de dezembro de 2009
pertinente
Martín Santomé
personagem de Mario Benedetti em A Trégua
terça-feira, 1 de dezembro de 2009
do dia
E então Laura decidiu começar seu dezembro mais esperta, crendo menos em palavras e mais em gente de verdade.
domingo, 29 de novembro de 2009
pra falar de amor
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"e porque leio romances e se vejo filmes de amor pra chorar e amar o amor que decidiram que eu devo querer pra mim"
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Por que ver Arrufos, do grupo XIX de Teatro:
- porque a peça fala de amor e amor é universal
- porque a peça é de verdade, palpável, humana e o texto é sincero, simples e remexe com lembranças.
- porque eu tô dando 4 estrelinhas (embora Hysteria, também desse mesmo grupo, tenha recebido 5 estrelinhas e é top do repertório deles ainda)
ps - se você não gosta de teatro interativo, é melhor que não vá. Os atores fazem do público personagem de cada uma das cenas.
Arrufos
Local: Espaço dos Fofos (R. Adoniran Barbosa, 151)
Quando: Sex a dom: até 13/12
R$ 30 - justos e bem gastos pra falar de amor.
O que você tá esperando. Eu comprei o meu aqui ó
sexta-feira, 27 de novembro de 2009
quinta-feira, 26 de novembro de 2009
déjà vu
E daí que, hoje, enquanto eu dormia, uma gota de tristeza desobedeceu a gravidade e caiu em cima de mim. Despejou-se de um jeito bem forte no meu ombro e escorreu pra dentro do meu coração. Depois, levantei várias vezes do sono sentindo uma dor bem pesada rasgando meu peito, a boca seca, o sangue fervendo, o oxigênio sumindo de mim.
Abri a janela, mas não passou.
Andei pela casa, mas não passou.
Olhei no espelho e não passou.
Pra onde eu olho agora?
sábado, 21 de novembro de 2009
sábado 20h46
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Chorei.
sexta-feira, 20 de novembro de 2009
e se?
É quando dá pra perceber que todo sofrimento é doído, mas é bonito., porque nos presenteia descobertas. E é quando se descobre que dá pra sorrir enquanto se encrava a unha nas palmas das próprias mãos e se tenta decifrar o "e se?"
Só resta respirar e cantar a melhor canção que se pode dedicar à ocasião.
E sou eu percebendo que tudo isso pode ser (ou foi?) apenas uma coisa passageira.
quarta-feira, 18 de novembro de 2009
terça-feira, 17 de novembro de 2009
do dia
segunda-feira, 16 de novembro de 2009
eu carpinejo, e vc?
Um verbo
Conjuga um verbo que conheças
no presente do indicativo,
soletra-o na segunda pessoa
do singular ao meu ouvido,
dá-me qualquer coisa
que me pareça eterno.
José Rui Teixeira
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dá-me qualquer coisa que me pareça eterno...
(pausa para um suspiro)
quinta-feira, 12 de novembro de 2009
lacuna
Sem sintoma aparente, conservou a esperança de que ainda vai revê-la de um jeito nada efêmero e ela vai despertar sua mente para todos os melhores clichês, preencher os vazios de seu coração e levá-la ao lugar dos que amam em qualquer lugar e hora.
Por isso, que viessem os encontros breves e inesquecíveis. Que viessem as mãos suadas pelo calor intermitente da pele, os joelhos trêmulos, a preocupação com a direção do olhar. A escolha da melhor frase, o cuidado em falar de passados e futuros, a palpitação do coração querendo pular pra fora antes do fim. Que fossem bem-vindos os beijos imediatos e intermináveis, os perfumes e os abraços milimetricamente esperados, os sorrisos por qualquer coisa dita, o despudor em sentir, o carinho com cada detalhe do dia, da roupa, do brilho nos olhos.
Mas permanecia uma lacuna.
Enquanto isso, ela mantem seu próprio caderno de clichês.
segunda-feira, 9 de novembro de 2009
um amor assim tão delicado
Morar longe dela me deu mais paciência para desvendá-la, descobri-la, interpretá-la, admito. Quando ficamos próximas, como nesse final de semana, percebo o quanto, de fato, eu amo essa mulher. Amo de um amor de temperatura alta, cheio de graça e bom humor. Como todas as vezes em que nos encontramos, ela me abraçou, me perguntou se fui bem de viagem e me levou pra comer alguma coisa "porque não tinha almoçado e esse calor não é brincadeira, filha". Simples, assim. E eu a amo, de graça.
Nesse final de semana, ela mal podia se conter por ter as três crias juntas, debaixo de sua asa recém-sarada, escondendo cicatrizes de um passado ainda tão recente, tão doído. Aliás, impressiona-me como seu sorriso fica mais largo quando estamos reunidas. Exibia-nos com paixão para todos. Em vários momentos, só fazia nos olhar atentamente, agradecendo a Deus por tanta felicidade de ter-nos ali e achando tudo mais lindo porque éramos 4 e não 3, 2 ou 1. E eu tenho cada vez mais facilidade em atender qualquer pedido dela, simplesmente porque ela é toda doação. Por que eu não seria também?
Agimos diferente em muitas situações, claro. Discutimos, divergimos como qualquer mãe e filha. Mas o que importa é que sua capacidade de se emocionar com pouco e sua sensibilidade para entender tudo com um olhar estão no meu DNA. Quem dera eu tivesse metade de suas fibras também, para dar conta do tranco que insiste em me manter alerta diariamente.
domingo, 8 de novembro de 2009
abre aspas
Por vezes, à beira-mar, no perpétuo movimento das águas e no eterno fugir do vento, sinto o desafio que a eternidade me lança. Pergunto-me então o que vem a ser o tempo, e descubro que não passa do consolo que nos resta por não durarmos sempre. Miserável consolo que só os Suíços enriquece…
Noites há, em que, sentado à lareira, no quarto mais resguardado de todos, sinto subitamente a morte cercar-me: no fogo, nos objectos pontiagudos que me rodeiam, no peso do tecto e na massa das paredes; na água, na neve, no calor, no meu sangue. Pergunto-me então o que vem a ser a nossa muito humana sensação de segurança, e percebo que não passa de um consolo para o facto de a morte ser o que há de mais próximo à vida. Pobre consolo, que não cessa de nos recordar o que desejaria fazer-nos esquecer!
Decido encher todas as minhas páginas em branco com as mais belas combinações de palavras que seja capaz de engendrar. E depois, porque quero assegurar-me que a vida não é absurda e não me encontro só sobre a terra, reúno todas num livro e ofereço-o ao mundo. Este, retribui-me com a riqueza, a glória e o silêncio. Mas não sei que fazer com este dinheiro nem que prazer tirar de contribuir para o progresso da literatura, pois só desejo o que jamais obterei — a certeza de que as minhas palavras tocaram o coração do mundo. É então que me pergunto o que vem a ser o meu talento, e descubro que não passa de urna forma de me consolar da solidão. Risível consolo — que apenas me torna cinco vezes mais pesada a solidão.stig dagerman
a nossa necessidade de consolo é impossível de satisfazer
versão de paula castro e josé daniel ribeiro
fenda edições
1989
quinta-feira, 5 de novembro de 2009
terça-feira, 3 de novembro de 2009
doença grave
E cai no sono tentando entender o que nenhum médico e nenhum exame físico conseguem compreender: a síndrome do coração inquieto - que chega e mansinho e ainda não tem cura.
sexta-feira, 30 de outubro de 2009
para minha irmã mais velha
I won't feel blue like I always do 'cause somewhere in the crowd there's you
quinta-feira, 29 de outubro de 2009
coisas imediatas
quarta-feira, 28 de outubro de 2009
pára o mundo que quero descer também
E daí que abro o orkut e dou de cara com esse grito por misericórdia:
Tem dias que quero ficar na cama com o meu nadismo! Nada pra fazer, sem nada pra pensar...
Parei para pensar no que já fiz de interessante na vida: NADAAAAA! Me sinto incapaz, sinto que meus sonhos são muito grandes. Não quero mais.
é isso...
M.
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Eu sei... eu sei.
Pára o mundo que quero descer
terça-feira, 27 de outubro de 2009
lembrete para alguém especial
Tenho por ela um carinho que não cabe no meu peito. Ela é alta, linda, doce e dona de um sorriso predador. Seus cabelos assumem sempre a forma de um camaleão, embora eu prefira a cor amarela da última vez em que a vi. Suas sardas deixaram de ser contáveis faz um tempo e sua capacidade de fazer amigos e captar os outros pelos olhos é imensa. Resumindo, ela é uma das minhas paixões.
Digamos que a vida já lhe reservou surpresas agradáveis e não tão agradáveis e, por isso, ela tende a achar que nada dá certo em sua vida e que existe uma conspiração para tirá-la do sério, deixá-la fraca e infeliz. Concordo que ela tem sido conduzida a situações de extremo limite, passando por coisas intensas e doídas -- como se estivesse sempre à prova e não estivesse conseguindo passar para outra fase da vida. Eu entendo, acredite. Todo mundo passa por isso, cada um de um jeito. Só que, como todas as pessoas especiais, ela está dentro do problema e não consegue enxergar a solução. Pois eu consigo.
O fato é que não se pontua uma escolha. Talvez a escolha de um livro, de uma balada, de um colega eventual, de uma roupa. Mas não se pontua uma escolha que nos conduz a escolhas definitivas. Por isso, eu a chacoalho para a vida e lhe aviso para que tenha cuidado com as escolhas vazias, com as circunstâncias e companhias que exigem atenção, com o sentimento momentâneo de euforia. Nem sempre essas coisas nos conduzem à felicidade duradoura. Tudo pode ser mais efêmero do que imaginamos.
E claro: nunca é demais lembrar-se de quem somos, de onde viemos, quais são nossas raízes, quem são nossos pais, irmãos e amigos de verdade. Preciso avisá-la que, munida de tudo isso, certamente ela não sentirá mais essa solidão quando está no meio de uma multidão e nem este vazio quando está cheia de coisas pra fazer.
segunda-feira, 26 de outubro de 2009
sábado, 24 de outubro de 2009
she's right
(Mr. Darcy) - That is exactly the question which I expected you to ask. A lady's imagination is very rapid; it jumps from admiration to love, from love to matrimony in a moment. I knew you would be wishing me joy".
em Pride and Prejudice, Jane Austen
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quem já não se imaginou casada com o Brad Pitt e pensando em como ficaria o próprio nome com o sobrenome dele põe o dedo aqui...
quarta-feira, 21 de outubro de 2009
10 bons motivos pra levantar amanhã
2) Porque ainda pode mudar de profissião (why not?) e escolher ser nuvem, médica ou escritora.
3) Porque não perdeu manias de quando era criança como a de separar roupas, cadernos, carros e pessoas por cores (prefere tudo o que é verde ou azul -- mas disso não sabe o porquê).
4) Porque espera que consiga tornar os quiproquós mais fáceis de resolver sem ansiedade crônica.
5) Porque um dia vai rabiscar na parede suas frases preferidas, sem se preocupar com a sujeira e com ter que limpar tudo quando sair do apê.
6) Porque acredita que guardar tudo de bom (ontens, hoje e promessas de amanhãs) dentro de uma caixinha pode ajudá-la.
7) Porque tem medo de esquecer as lembranças ou perder as esperanças só de fechar os olhos.
8) Porque tem medo de ficar sozinha.
9) Porque espera que tudo seja perfeito.
10) Porque, mesmo que nada dê certo, pode voltar pra casa.
sexta-feira, 16 de outubro de 2009
Julie & Julia & me
E daí que um dia cheguei na firma e tinha um livro na minha mesa. Eu tinha pedido emprestado porque precisava ler algo mais "água-com-açúcar-pra-alegrar-a-existência". Abandonei as linhas de Paixão Segundo GH (que me assusta porque já na introdução Clarice me diz: "prefiro que este livro seja lido só por pessoas com a alma muito preparada". oi?) e embarquei no Julie & Julia - 365 Dias, 564 Receitas e 1 Cozinha Apertada, com Meryl Streep (adoro!) e Amy Adams na capa. Eu já tinha ouvido falar dele e no começo achei meio água-com-açúcar mesmo. Mas não era isso que eu precisava? Então vamos...
Julie é uma jovem secretária americana, perto dos 30 anos, frustrada no trabalho e pressionada para ter “um filho antes que seja tarde”. Depois de várias crises existenciais a
Tá tá. No começo achei que a coisa ia descambar pra conversa de mulherzinha, na cozinha, desossando pato, cozinhando a lagosta enquanto engrossa a crise com o marido e com a própria misantropia. Mas essa impressão passou na página 2. Fiquei supresa ao me ver devorando a história, relendo trechos e, até (!), indo pra cozinha e tentando dar uma de Julie pra mim mesma, com uma receita ótima que tenho anotada num papelzinho. Aliás, foi bem sofrido terminar de ler, porque fiquei pensando no dia de amanhã, sem ter mais um capítulo daquela beleza pra desbravar no ônibus a caminho da faculdade. Cativante...
E é claro que o livro me fez lembrar de antigos projetos nos quais nem chego a pensar mais por causa da correria dos últimos tempos - a correria feita junto com mais de 17 milhões de pessoas nessa cidade maluca para atingir expectativas e superá-las sempre. (Isso sem contar o medo danado de errar e ficar pra trás). E nem sobra tempo pra cuidar de mim, da minha vida e do coração, de visitar minha família, responder os emails da Anne com a atenção devida, comer direiro e entrar na academia de vez!
E a satisfação? Boa pergunta... O que importa é cruzar o meio campo, driblar os zagueiros e fazer o gol, sem tempo de correr pro abraço, entende? Mas não quero terminar esse post de um jeito triste, porque hoje é sexta e eu tô indo pra Londrina ver minha família. Eu acredito e quero sempre acreditar que existem projetos que dão certo, sim. Pra ficarmos ainda na cozinha, o projeto de Julie deu mais que certo e virou blog. O blog virou livro. O livro virou filme (coming soon e não vejo a hora - prontofalei).
Só que a pergunta que continua não querendo calar é: o que Julie tem que eu não tenho? Sorte? Destino iluminado? Sacrifício? Paciência? (respostas para ferreira.verena@gmail.com). Por enquanto, prefiro pensar que Julie nada mais fez que buscar uma satisfação pessoal, mesmo no meio do caos que reina em nossas vidas de vez em quando. É fácil falar, ficar reclamando da vida e não correr atrás do prejuízo, néam, Verena?!
Fica aí a dica. Quem quiser ler um trecho do livro pode fazer aqui.
quarta-feira, 14 de outubro de 2009
quarta-feira, 7 de outubro de 2009
vale a pena
Se você gosta de poesia e romance em conta-gotas, pega essa:
"Paguei a chuva pra fazer serenata em sua janela"
twitter de Fabricio Carpinejar
segunda-feira, 5 de outubro de 2009
makes my heart beat fast...
Eu não sei o que essa música fez comigo que não me sai da cabeça. Será que é porque ela me faz lembrar de amor, carinho, beijinho na bochecha, nariz com nariz, cheirinho do perfume das irmãs e do talco da vó e brigadeiro de colher da tia Zeila?
Pode ser, pode ser... Mas a versão do filme My Sister's Keeper é ainda melhor - aqui. Fica aí a dica.
sexta-feira, 2 de outubro de 2009
quarta-feira, 30 de setembro de 2009
luto que não acaba
Pensou pensou pensou e resolveu ceder (e quem sabe provar a si mesma que era forte?!). Na hora do intervalo, chegou no pé do ouvido da colega de classe (não queria falar alto e gerar inúmeras caras de interrogações e, depois que ela se explicasse, não desejava ver aquelas caras de dó) e lhe disse que entendia a dor dela muito bem.
- "Ah... você perdeu seu pai, querida?", falou Márcia, sempre doce, compreensível. Uma dama até do alto de sua dor.
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(foi esse o espaço do silêncio de Laura, uma quietude semelhante ao que ela sente no coração toda vez que pensa na palavra pai).
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E, ao despencar de seu silêncio, Laura se deu conta de que seu luto seria definitivo, mesmo com o pai vivo, respirando por aí em algum canto com uma mulher moderna e siliconada e filhos menos indagadores que ela.
- Não, Marcia. Meu pai ainda tá vivo, mas ele assassinou o pai que ele foi antes. Aí preferiu esconder a culpa pelo crime embaixo de algum tapete da vida e, junto com a culpa, eu também fui empurrada pra fora da vida dele.
E daí que Laura notou que tem feito um luto doído quase que constantemente. Já tentou ressucitá-lo, mas não pense que é simples assim. O morto não quer ressurgir.
Anotou então no caderninho da sua cabeça: "preciso deixar o luto de lado e fazer uma bela cerimônia de enterro". Só assim pra gente guardar apenas o que foi bom.
Fez disso sua oração diária e ficou numa boa (ou pelo menos acreditou nisso).
sábado, 26 de setembro de 2009
do livro O Nome da Morte - a história real de Júlio Santana, o homem que já matou 492 pessoas, de Klester Cavalcanti
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com certa semelhança com o momento em que chego na casa da mãe.
quinta-feira, 24 de setembro de 2009
o que eu tenho hoje
falar demais pra fugir
A coluna da Eliane Brum vem me inspirando já faz algum tempo... Ai ai. Vale a pena ler tudinho aqui .
quarta-feira, 23 de setembro de 2009
segunda-feira, 21 de setembro de 2009
3 passos...
1. Vá à livraria mais próxima, compre um livro (se não tiver dinheiro, escolha qual você comprará quando cair o pagamento) e coma um doce. "Vai te fazer bem" - by Laris.
2. Se estiver no trabalho ou na aula, não exite em colocar braços pra cima e espreguiçar bem, separando vértebra por vértebra até elas se descolarem umas das outras. É essencial que você não se importe com o que vão pensar de você - não só quando espreguiçar, mas sempre.
3. Quando pegar um ônibus ou quando for caminhar até algum lugar, ligue seu iPod na música mais animada da playlist. Deixe seus ombros se embalarem com a canção e, se necessário, não tenha vergonha de cantar.
quinta-feira, 17 de setembro de 2009
divorciar coisas boas das ruins
Um homem de 37 anos com cabelos já se despedindo da cabeça, bigode farto e com cara de bem-sucedido na vida estava ligado a uma máquina de diálise - sim, aquele aparelho que a faz a função dos rins quando eles estão capengas e doentes. Os fios (já completos de sangue) daquela geringonça se enrolavam em seu braço até chegar a uma fístula, uma mini-maquininha que é colocada dentro do braço das pessoas pra facilitar o trabalho da máquina maior. Uma agulha gigante que, só de lembrar me causa tremedeira, vai até dentro da veia e tira tudo que é sujo e que já não combina mais com o sangue. Faz o divórcio do sangue e da sujeira - uma separação sem traumas. É uma rotina de 3 a 4 horas diárias, 3 vezes na semana - ritual sagrado sem o qual não dá praquele homem viver.
Não sei você, mas sempre imaginei um cenário desolador para uma cena dessas. Horas presa a uma máquina e a uma agulha ao lado de gente doente? É de dar medo... E o medo é uma casa aonde nin-guém vai. Mas não. O homem da minha cena estava tranquilo, lendo um exemplar do Valor de cabo a rabo e, eventualmente, checando mensagens em um celular moderno. Ou seja, o mundo estava prestes a cair do seu lado, com pessoas de semblante baixo, bandejinhas de remédios, cores de hospital e enfermeiros a mil... e o homem sequer se abalava, imerso num mundo que ele criou para aguentar o tranco das agulhas gigantes e do tal divórcio sanguíneo. Quando acabou seu ritual, se levantou, colocou o celular no bolso, dobrou o jornal e partiu com um sorriso de canto de boca de "missão cumprida - vamos em frente". E daí que me choquei com a falta de drama do homem, apesar das agulhas, do cenário e tudo o mais.
E eu achando que meus problemas eram imensos e irresolvíveis a ponto de pensar que nunca seria capaz de divorciar coisas boas e ruins. Se ele consegue sair sorrindo de uma sessão de hemodiálise, pronto para um dia de trabalho, por que eu não posso sorrir mesmo quando estou com problemas? Não conheço o malandro, mas ele me apontou que tudo vai dar certo. E o melhor: pelo menos eu não tenho uma agulha no meu braço!!
quarta-feira, 16 de setembro de 2009
como a lua
"E roda a melancolia
seu interminável fuso!
Não me encontro com ninguém
(tenho fases, como a lua...)
No dia de alguém ser meu
não é dia de eu ser sua...
E, quando chega esse dia,
o outro desapareceu..."
De Cecília Meireles, trecho de "Lua Adversa", em Flor de Poemas
E Laura se deu conta de que os poemas nunca perdem a atualidade, o gosto de agora, o cheiro do presente, por mais que a gente cresça!
segunda-feira, 14 de setembro de 2009
quem concorda põe o dedo aqui...
Luiz Felipe Pondé, FSP 14/09/09, em artigo "Um relatório para Academia".
sábado, 12 de setembro de 2009
sexta-feira, 11 de setembro de 2009
a rotina
À tarde suas sombrancelhas cerraram-se, o coração parecia que tinha parado de bater, mas não parou - se parasse, na verdade, não seria má ideia, porque a levariam dali. Não aguentava mais a baboseira toda e não tinha uma porta de emergência ao alcance.
Queria fugir, sim, mas o problema era mais profundo: ela não sabia pra onde. Um misto de melancolia e vontade de jogar tudo pro alto pra fazer algo que realmente lhe traria algo efetivo ou algo que não lhe faria pensar pensar pensar. Quem sabe ser astronauta e ficar sozinha lá no espaço? Ou ser babá só pra ter clientes que não sabem falar direito? E se ela se tornasse redatora de horóscopos? Motorista de táxi? Professora de digitação?
Tentou explicar pra alguns colegas o que sentia, mas falhou. Ninguém tinha o mesmo parafuso (ou a falta dele) que ela e ninguém podia entendê-la. Mas, como tudo que começa termina, o dia acabou e ela pegou o ônibus pra casa. Não pôde mais segurar e chorou. No ônibus lotado, o ombro de um homem bem alto estava perto de seu rosto. Ela precisava de um ombro e pensou em emprestar o dele. Mas achou melhor não. Chegou em casa sem olhar pros lados, lá não tinha ombros, mas tinha seu travesseiro. Deitou, enquanto ainda escorria uma última lagriminha de desespero.
quarta-feira, 9 de setembro de 2009
mais uma prece
quinta-feira, 3 de setembro de 2009
- É mesmo? Mas é tudo tão feio hoje... - respondi desatenta ao que se passava.
- É... as coisas sem-pre mudam pra melhor ou pra pior, mas sempre mudam. - Falou me chacoalhando por dentro e me fazendo pensar.
domingo, 30 de agosto de 2009
a arte de se acostumar
sexta-feira, 28 de agosto de 2009
do dia
Minha alegria, meu cansaço?
Meu amor, cadêêêê você?
Eu acordei, não tem ninguém ao lado".
Adriana Calcanhoto
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Ps 1 - Ontem pensei em você, enquanto uma lágrima escorria sobre uma foto nossa juntos.
Ps 2 - Onde tudo isso vai dar?
Ps 3 - Queria ir embora de mim a pé, mas não consigo. Oi?
quinta-feira, 27 de agosto de 2009
Pilar del Río, sobre o novo livro de Saramago, Caín, que será lançado em outubro.
quarta-feira, 26 de agosto de 2009
Gosta de exercer seu vício de preferência com nenhuma ou quase nenhuma companhia ao seu lado. Na verdade, a companhia ideal é o ambiente, a luz baixa, a estante cheia e, com sorte, um sofá que aconchegue sua vontade de sumir no mundo raptada por palavras. Sozinha, Laura tem um silêncio que ajuda a tornar o vício ainda mais excitante, mais revelador.
Faz pouco tempo, ela pegou a irresistível mania de ler dois capítulos de um livro a cada nova escapulida. Chega, retoma o livro de ontem, encontra a página onde parou e esquece o mundo ao redor. Quando acaba um, já elege o sucessor e assim vai. A vontade de engolir tudo o que pode de romances, poesias e histórias é tão grande que Laura já leu muitos exemplares. Termina um, começa outro e assim por diante.
Nessa rotina que não tem nada de rotina, Laura só pensa em um dia poder morar dentro de uma livraria, casar dentro de uma livraria, educar seus filhos dentro de uma livraria. E só pensa em como isso seria bonito.
Um vício de encher os olhos
sábado, 22 de agosto de 2009
Agora o tempo te dá mais uma primavera e todas essas lembranças apareceram com mais força... E, mesmo em anos de convivência, ainda me impressiono com a capacidade que esse tempo tem de te deixar ainda mais bonita. Você e sua elegância de mulher, seu cheiro característico, sua força pra transformar os problemas em uma coisa menos doída de se levar apesar dos pesares...
sexta-feira, 21 de agosto de 2009
a perseguição das orquídeas
A segunda visão foi na esquina do metrô Consolação. Enquanto atravessava a rua, um homem segurava uma orquídea branca em uma embalagem amarela, toda preparada para presente com um cartaozinho que, suponho, carregava muitas palavras bonitas endereçadas a alguém. E, novamente, a flor desfilava pra mim, elegante, exótica. Mas isso não tinha sido suficiente para eu perceber que estava sendo perseguida. Durou pouco tempo.
O que será que isso quer dizer?
quarta-feira, 19 de agosto de 2009
terça-feira, 18 de agosto de 2009
Personagem de Andreia em Nada, de Carmen Laforet
rain drops
Só que hoje em dia, quando o dia pipoca chuvoso depois de um pesadelo (como hoje), não tem você pra me dizer pra ficar na cama, não tem essa compreensão delicada, não tem nada. Tenho, sim, que ir trabalhar, viver, sem ter tempo pra consolar o dia choroso.
E ainda não deu pra parar de doer isso. Mas em breve... quem sabe?
rain drops
domingo, 16 de agosto de 2009
prece por nós
sexta-feira, 14 de agosto de 2009
quinta-feira, 13 de agosto de 2009
Entro logo em órbita do espaço de mim mesmo, amor
Será que por acaso a flor sabe que é flor
E a estrela Vênus sabe ao menos porque brilha mais bonita, amor
O astronauta ao menos viu que a Terra é toda azul, amor
Isso é bom saber, porque é bom morar no azul, amor
Mas você, sei lá, você é uma mulher
Sim, você é linda porque é
Vinícius de Moraes e Baden Powell
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Eles realmente sabiam como encantar uma mulher...
terça-feira, 11 de agosto de 2009
Respostas para: ferreira.verena@gmail.com
Obrigada,
domingo, 9 de agosto de 2009
carta de um ex-pai
É que eu decidi, simplesmente, não ser mais pai de ninguém. Ordenei aos meus filhos que ficassem longe de mim o suficiente para que eu pudesse ter outra vida. Deixei-os ao deus dará, escurracei-os de mim. Sou um ex-pai.
Só que, mesmo assim, continuo com um gosto acre na boca, quando em dias especiais me pego pensando em tudo que estou perdendo da vida dos meus filhos. É um azedo que sobe pela garganta e não deixa nem passar o café da manhã. Mas acho que é melhor assim...
quinta-feira, 6 de agosto de 2009
sábado, 1 de agosto de 2009
segunda-feira, 27 de julho de 2009
de quando voltei de férias
Estava fingindo que não era com ela. Preferia não criar a ilusão de que tudo aquilo era seu pra depois descobrir que não. Acontece que não era a primeira vez que reparava: por onde passava, a quantidade de estrelas em cima da sua cabeça era maior do que em cima da cabeça de outras pessoas e a lua estava mais próxima dela. Foi assim quando chegou à padaria logo depois do entardecer, quando chegou à casa dos avós para devorar aquele jantar suculento, quando saiu do bar com os amigos e entrou na conveniência pra matar a fome da madrugada. Em todos os lugares da cidadezinha, ela tinha a impressão de que seu cérebro estava grávido de estrelas e que o luar era seu parente. A sensação devia ser justificada por sua falta de grandes preocupações dos últimos dias? É que andava com a cabeça distante, flutuante, reticente e os neurônios se permitiam brincar com seus pensamentos, colocando-os de pernas para o ar e fazendo farra com eles. Para isso os humanos deram o nome de férias...
Aí voltou à realidade dos dias normais, nublados e trabalhosos de São Paulo, cheios de gorduras trans da comida congelada e do café de máquina, buzinas, falta de paciência e excesso de medo. Sentiu que aquela tranquilidade que fazia seus pensamentos brincarem se esvaiu dia a dia, conforme o telefone tocava ou seus dedos teclavam. E teve um aborto espontâneo daquela farra das estrelas e da lua em cima de sua cabeça.
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quarta-feira, 15 de julho de 2009
Parte coração - de Pedro Luis
Pobre coração, dói no fundo do peito
Dizendo que existe, mostrando que insiste em sofrer, em sofrer
Chore e bate mais forte e às vezes mais manso
que eu mesmo não canso de me apaixonar
Bata e se dê o direito de gostar de alguém que eu dou um jeito de gostar também
Sou teu companheiro até no sofrer
Mas vê se de vez em quando em vez de chorar você ri um pouco que é pra compensar toda essa tristeza que é de nós dois
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Precisa cantar mais alguma coisa?
domingo, 5 de julho de 2009
sexta-feira, 3 de julho de 2009
quinta-feira, 2 de julho de 2009
Se Buenos Aires é gelada, Santiago é muito mais, de um jeito que nos faz dormir com mais roupas que o normal e sonhando com um chocolate quente.
Se Buenos Aires tem o Obelisco e a Casa Rosada que nos espiam e nos cercam por todas as principais ruas, Santiago tem a Cordilheira que forma um paredao de frio a nos mirar e faz sair das nossas bocas aquela fumacinha gelada.
Se Buenos Aires tem o tango pra esquentar os coraçoes de quem desfila pelas ruas, Santiago tem as pessoas que sao amaveis e simpaticas.
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terça-feira, 23 de junho de 2009
mala inteligente
- Eleger os sapatos quando a mala não é muito grande exige sabedoria. Você pode se arrepender de forma doída se jogar na mala o par errado. É que nem fazemos com a vida e os relacionamento: às vezes, é mais certo ter o confortável por perto do que contar com o descolado que pode machucar feio.
- Reserve o espaço para boas doses de ânimo, disposição e felicidade que não podem ficar de fora. Eles ocupam espaço, mas, como poucas coisa na vida, valem o excesso. E nada de levar aquele ranço e aquele pensamento fixo em problemas. Para esse excesso, não há dólar que baste.
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Acho que é isso. O resto é por sua conta.
Câmbio, desligo.
terça-feira, 16 de junho de 2009
Feriado de Laura
E sempre que Laura vai, já vai pensando na volta. E, quando pensa, junta as mãos no peito e faz vigília pra não doer muito quando vier embora. Mas não adianta. E, dessa vez, ela levou 5 saudades compactas e trouxe de volta 15 saudades + aquela dorzinha de ir embora. Queria ter poderes pra fazer isso não acontecer...
segunda-feira, 8 de junho de 2009
recomendo
Agora, toda vez que chego da rua, da bagunça, das vozes altas e do trânsito, abro a gaveta com cuidado e leio o silêncio marcado no papelzinho, bem devagar. É um exercício que me toma apenas dois minutos.
E cada letra traz alento e calma, coisas que não existem porta afora. E vou respirando fundo, pensando em coisas boas que só no silêncio a gente pode vislumbrar - cheiro de comida da mãe, picolé de uva na praia, nuvem no céu, abraço de irmã, leituras começadas, fotografias antigas, sorriso de criança.
E pronto. Estou pronta pra outra.
domingo, 7 de junho de 2009
falta pouco
Mas eu também quero contar que estou riscando com carinho cada dia do meu calendário pra que minhas férias cheguem logo sorrindo pra mim, lindas e formosas. Quero poder viajar, dançar, sorrir, cantar, conhecer pessoas, lugares, ir a festas, ver amigos, falar sem travas na língua, ser a melhor pessoa que sei ser, sem medo e tudo que vem junto com ele. Renovar as energias em fontes bem longe daqui.
Logo logo...
sexta-feira, 5 de junho de 2009
paixões
Ruído, carro, páginas da Bíblia, areia, cheiro de livro, foto velha, cobertor, selo, cantor, esmalte, música, horóscopo, sapatos, ópera. Já se apaixonou por quase tudo. E, pra Laura, não há sensação melhor que essa.
O problema é o desapaixonar-se. Cada paixão implica em uma não-paixão. Pode demorar ou não, mas o passo atrás sempre tem que ser dado. E dói demais.
terça-feira, 2 de junho de 2009
sonho de Laura
A evidência mais pertinente para esse hábito talvez seja o fato de Laura ser vista sempre às voltas com livros variados. Seu lugar preferido é a livraria, sua comida preferida é a sopa de letrinhas e por aí vai...
Na verdade, o sonho dela era ter nascido em uma livraria, rodeada de pensamentos e letras de todos os autores que existem no mundo - quem sabe assim não seria mais fácil escrever o romance que ronda seus pensamentos todos os dias. Mas o maior sonho de Laura é ver marcadores marcando páginas de um livro feito por ela mesma.
segunda-feira, 1 de junho de 2009
A um ausente
tenho razão de te acusar.
Houve um pacto implícito que rompeste
e sem te despedires foste embora.
Detonaste o pacto.
Detonaste a vida geral, a comum aquiescência
de viver e explorar os rumos de obscuridade
sem prazo sem consulta sem provocação
até o limite das folhas caídas na hora de cair.
Antecipaste a hora.
Teu ponteiro enlouqueceu,
enlouquecendo nossas horas.
Que poderias ter feito de mais grave
do que o ato sem continuação, o ato em si,
o ato que não ousamos nem sabemos ousar
porque depois dele não há nada?
Tenho razão para sentir saudade de ti,
de nossa convivência em falas camaradas,
simples apertar de mãos, nem isso, voz
modulando sílabas conhecidas e banais
que eram sempre certeza e segurança.
Sim, tenho saudades.
Sim, acuso-te porque fizeste
o não previsto nas leis da amizade e da natureza
nem nos deixaste sequer o direito de indagar
porque o fizeste, porque te foste.
(Carlos Drummond de Andrade)
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E daí que poetas não mentem. E parece que Drummond sabia de nossa história quando escreveu essas letras...
sexta-feira, 29 de maio de 2009
tudo de novo
quarta-feira, 27 de maio de 2009
tenho dito
Foi quando um anjinho (lindo!) colocou no meu caminho o link abaixo:
www.voluntariado.org.br
Basta digitar seu CEP e terá um monte de links de instituições que estão pertinho de você e que você pode (e deve) ajudar. E dá pra você, inclusive, filtrar a busca de acordo com coisas que se identifiquem contigo - artes, cultura, saúde, meio ambiente...
Eu já estou de olho em uma maneira de ajudar os outros e ME ajudar...
E você?
A brincadeira é simples: passam os carros e Laura repara nas placas. Se o carro é paulista, ganha um ponto; se é paranaense, ganha dois; e se é de Londrina, ganha os dois por ser paranaense e mais três de lambuja. Onde quer que esteja - no ônibus, no carro, na rua - seus grandes olhos correm atentos pelas letrinhas minúsculas atrás de pontos pontos pontos.
E quando encontra os carros de Londrina, além da felicidade pelos pontos a mais, sente que é como se conhecesse o motorista e quem o acompanha. Tem vontade de dizer olá, acenar, abraçar, perguntar alguma coisa sobre a terrinha - seria uma maneira interessante de desovar a saudade que sente de casa.
O legal é que, só hoje, Laura já acumulou 100 pontos, dos quais 15 são os mais bonitos. E o dia ainda não está nem no meio! Que sorte a de Laura...
terça-feira, 26 de maio de 2009
conselho dado...
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... conselho aceito.
segunda-feira, 25 de maio de 2009
li Cordilheira e depois Comi Rezei Amei...
- Falando em amarras e romance, minha outra leitura é Comer Rezar Amar, de Elizabeth Gilbert. Não é de hoje que me recomendam este livro. É que costumo ter um pé atrás com livros que venderam zilhões e que são uma história real narrada em primeira pessoa - tudo muito didático e expositivo (gosto dos requintes que a ficção oferece). Mas alguma coisa me puxou pra ele esses dias. E nada é por acaso. Uma vez que li o primeiro dos 108 capítulos não parei mais. É basicamente assim: depois de intensas crises de choro, Liz simplesmente resolveu aceitar sua condição - tinha 34 anos, não queria ter filhos e não queria mais estar casada. Sofreu horrores, se apaixonou no meio ao divórcio (tudo fácil!), e, ao invés de recorrer a remédios para depressão, resolveu tirar um ano para viajar e buscar o equilíbrio que lhe faltava. Itália, Índia e Indonésia são os destinos escolhidos - uma jornada para Comer Rezar Amar. Ao dialogar consigo mesma, Liz coloca um espelho na frente de seu leitor e, enquanto lemos, é possível nos vermos em situações e questionamentos parecidos, sempre em busca de um equilíbrio que parece tão improvável, de um amor próprio que tantas vezes nos escapa. O mais interessante é que não precisei viajar pelo mundo, aprender italiano e praticar ioga e meditação pra descobrir que o melhor que podemos fazer com relação a nosso mundo incompreensível e perigoso é praticar o equilíbrio interno - por maior que seja a insanidade que exista do lado de fora.
- O que há de semelhante entre Cordilheira e Comer Rezar Amar? Bom, depois de ler os dois, fiquei com muita vontade de tomar uma cerveja com Galera e sentar pra conversar Liz...
sábado, 23 de maio de 2009
a dica do final de semana
Se na leitura do livro eu já havia apreciado a sutileza com que a história é tratada, no filme, toda essa sutileza toma forma nas mãos da direção de fotografia, que é surpreendente. A Hungria não estava na minha lista de lugares a serem conhecidos, e agora está. Tudo culpa das belas imagens da amarelada capital húngara mostradas no longa. Há outras surpresas também, entre elas o ator Leonardo Medeiros. Não imaginei que aquele cara da novela das oito poderia absorver o José Costa de Chico com aquela capacidade cênica simples.
Juro que assisti o filme com um sorriso de canto de boca constante e uma satisfação ímpar por poder ver cada umas daquelas palavras pinçadas por Chico, Rita e Walter materializadas na telona... Tudo isso em escalada até o momento sutil do "poesia é pra se devorar, como o amor". É, claro, que nem tudo são flores, porque acho que essa escalada do filme acaba com o final, maluco demais e pouco poético. Destoa da combinação ...