mais do mesmo

Sonhei que você vinha me visitar hoje à noite. Sem rodeios, você aparecia na porta, com sacolas e sacolas de saudade pra me devolver. Vinha e trazia o seu antigo "você" antigo amarrado a suas pernas - como que para mostrar que o sofrimento tinha acabado e que, agora, a vida é só um arco-íris pintado das cores que a gente mesmo escolheu.
Entrelaçávamos nossos braços no maior abraço das nossas vidas. Maior não de duração, mas de beleza, simplicidade e sinceridade. Daí que uma tristeza bonita surgia nos nossos rostos e uma última lágrima descia pelo cantinho do meu olho. Era a minha última lágrima. Eu tinha desaprendido a sorrir de uma forma honesta, mas, ao te re-ver, re-aprendi.
Sentávamos ainda com as mãos entrelaçadas e ficavámos em silêncio. Um silêncio carregado de palavras bonitas e aconchegado em discursos de perdão, saudade e te amos. Era você dizendo pra mim que tudo aquilo que passou é passado. E era eu dizendo pra você que, a partir de agora, aquele sangue pisado deixava de ser ferida doída e virava uma presença linda.
Eu passava um café forte e ficávamos cúmplices à cata de coisas boas que vivemos para viver de novo e de novo e de novo. Lembranças...

E então que, de novo, acordei. E vi que vou ter que passar um café só pra mim mesmo hoje à noite e que meu arco-íris anda meio sumido.

Alguém sabe como faz pra não sonhar mais com coisas assim?