quarta-feira, 31 de dezembro de 2008
ano velho, ano novo
Quem sabe arrumaria uma nova profissão: a dobrar as nuvens ao final de todas as tardes e guardá-las numa gaveta para que, com o céu limpo, a Lua reine soberana. Minha chefe seria a Lua e a humanidade precisaria de mim mesmo. Só me resta projetar para o ano recém-nascido mais força.
Quem sabe um dia, não dobrarei as nuvens mesmo!?
quarta-feira, 24 de dezembro de 2008
primeiro natal
Mas, só agora me dei conta que vai sobrar um lugar. O seu. Uma vez ouvi que a gente só sabe o que é Natal de verdade quando passa muito longe de pessoas que amamos. Como eu era muito mais nova quando ouvi isso, não dei nenhuma importância.
Hoje, véspera do meu primeiro natal sem seu rosto perto do meu, vejo quanta verdade tinha naquelas palavras... Afinal, hoje vai faltar alguém aqui. Vai sobrar um presente especial embaixo da árvore. Vai ficar um buraco no meu coração (mais uma vez). Vão sobrar lágrimas no travesseiro, muito mais do que sobraram ontem e anteontem.
Mesmo assim, te desejo um feliz Natal, onde você estiver.
sexta-feira, 19 de dezembro de 2008
madrugada escura
Uma parte de mim queria muito adormecer e fazer o corpo descansar. A outra desejava imensamente que você estivesse aqui, ao alcance das minhas mãos, do meu lado.
Venceu o lado que te queria bem perto de mim. Me entende? É que eu precisava riscar da minha lista algumas perguntas ainda não-respondidas, dúvidas que, temo, acabem por me consumir inteira qualquer dia desses.
Mas não. Restou mesmo olhar pro teto branco, chamuscado com uma luz bem fininha que entrava escondida pelas dobras da persiana. Sobrou também apalpar as paredes no escuro até chegar na porta e, da porta, chegar até a sala... e por aí vai. Caminhei, bebi água e voltei pro meu travesseiro que, agora, estava gelado.
É impressionante como algumas coisas ficam mais claras no escuro!
quarta-feira, 17 de dezembro de 2008
euzinha
Faça você também!
1 . Antes só do que… mal amada.
2. Minha casa em três palavras: bons livros, bons filmes, boa música.
3. O melhor de morar só: ler em voz alta sem importar a hora.
4. O pior de morar só: não tem ninguém pra buscar a comida lá embaixo.
5. O que não falta na minha geladeira: doce de leite
6. Antídotos contra a solidão: álbuns de fotografias.
7. As três últimas coisas que comprei: enfeite de natal, sapateira e algodão.
8. Quem eu adoraria levar para casa: Gabriel García Márquez.
9. Quem jamais vai sentar no meu sofá: a má-drasta.
10. O que ando lendo: Clarice, Cecilia e Vargas Llosa.
11. A trilha sonora do momento: Los Hermanos, Little Joy e Roberta Sá
12. Uma receitinha esperta: Leite condensado, chocolate e manteiga.
13. Mania assumida: bagunço, bagunço e, bemmm depois, limpo.
14. Uma frase que me move: “Garçom, traz mais uma!..."
terça-feira, 16 de dezembro de 2008
sem pretensões
quarta-feira, 10 de dezembro de 2008
terça-feira, 9 de dezembro de 2008
segunda-feira, 8 de dezembro de 2008
quando você foi.
Fausto Wolff, A milésima segunda noite.
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Quando você foi embora (pela porta da frente sem dizer adeus) caiu uma folha da jabuticabeira do quintal, passou uma nuvem em formato de um dragão, um pardalzinho cantou bem triste, o cadarço do meu all star desamarrou, anoiteceu de repente, choveu e depois parou.
Eu preciso decifrar tudo isso pra poder seguir em frente.
E pensar que sinto tanto sua falta...
sexta-feira, 5 de dezembro de 2008
história de saudade
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Sábado, 03 de Janeiro de 2006 12:48 pm
De: "maria aparecida"
Para: "Verena Ferreira"
Assunto: RES: senta que lá vem história
Oi, minha filha querida. Que bom ouvir notícias suas!! Também estou com mui-tas saudades.
Ainda bem que tenho tido mui-to trabalho, assim não dá tempo de sofrer com sua falta, sua distância!
Já é 1 da manhã. Daqui a pouco partimos pra praia. Que delícia... Você bem que podia estar aqui com a gente... Mas da próxima vez, iremos juntas, taá bom? Escrevo depois contando como foi.
Se cuida ai.
Beijos amo amo amo mais que tudo.
sua Mãe.
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Sexta-feira, 02 de Janeiro de 2006 01:56 pm
De: "Verena Ferreira"
Para: "maria aparecida"
Assunto: senta que lá vem história
Oi, mãeee! Estou bem, graças a Deus. Depois da semana de ano novo, tudo ficou mais calmo por aqui. (As festas por aqui foram bem legais. Tudo muito divertido, com muito pisca-pisca, lareira e chocolate quente). Agora, terei folgas e poderei escrever mais, falar mais, contar mais, matar mais minhas saudades loucas.
Aquele dia liguei porque tava escutando música e me baixou uma tristeza misturada com saudade, bem de repente. Sei lá! Teve o lance da vó da Pri que morreu também. E ela aqui, tão longe de tudo, chorou tanto tadinha! E eu lá, chorando junto. Fiquei imaginando a mesma coisa: eu aqui a milhões de quilômetros de distância e se acontece com algum de vocês aí? Credo!! E rezei. Rezei muito e pedi pra que nada aconteça!
Ontem lavei roupas o-dia-todo. Calcinhas, meias e blusas pesadas que, com a calefação secam rapidinho. Peguei emprestado o som da Flávia, pus na cintura e, chacoalhando o esqueleto, lavei tudo. Detalhe: algumas camisetas encolheram! Ok, ok, tá tá... vc me avisou! Agora aprendi que o calor do quarto tava muito intenso e, por isso as roupas encolhem mesmo! Aos poucos vou me ajeitando e tudo fica mais fácil. ;-)
Hoje saiu o calendário de atividades do mês e me inscrevi em um monte de coisas. Quero me manter ocupada pra visitar todos os lugares possíveis e me manter ocupada o suficiente pra não sentir tanta saudade assim! É incrível minha vontade de sair e conhecer as coisas, mãe!!! O mais legal vai ser um jogo de futebol americano que vamos ver no dia 18, em Denver. Não entendo nada sobre aquele monte de homens correndo, mas E-B-A! La la la la! Tô me achando, né? Também me inscrevi pra ir no "snowshoeing" - é como se colocássemos duas raquetes nos pés e saíssemos andando pela neve. Ok, é idiota (e acho que nem tenho fôlego pra isso), mas parece divertido! Uhuhuhuhu! Ahhhhhh e, claro, fui patinar ontem! Enchemos a quadra só de brasileiros - aliás, é incrível como fazemos amigos facilmente aqui! Acho que somos viajantes cheios de saudade e vontades pra dividir. Tomei um tombo e tal... mas foi surreal. Gravei um filminho e depois mando! E, sem esquecer, amanhã vou ESQUIAR pela primeira vez! Medo! Que eu não quebre nenhum osso!!!
Bem, vou ficando por aqui... O telefone fica tocando e só pra escrever esse email levei horas. A gente vai se falando. Novidade é o que não falta por aqui.
Fica com Deus, se cuida e não ligue pros problemas! Você mesmo me disse que os imbróglios acontecem pra nos fortalecer, não é? E aproveite a praia por mim também!!! Estou tão branca que pareço a Branca de Neve! E também mande notícias do povo aí.
Te amo sem caber de imaginar - mais que sorvete de baunilha!
Três beijos - um no seu coração e um pra cada uma das meninas!
Vê
PS - E, em breve, tem o meu dia - meu aniversário. Prefiro não pensar... Pula isso.
PS 2 - E a viagem pra NY? Estou com medo... certeza que vou me perder lá.
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quinta-feira, 4 de dezembro de 2008
quarta-feira, 3 de dezembro de 2008
de novo
A cena é a mesma: meu telefone toca e ouço a notícia: você mo-rreu. E de repente, a dor aDORmecida volta e faz tudo virar buraco. E eu nem falei com você antes do seu último suspiro. E mundo fica mais fosco por causa das lágrimas infinitas.
Toda vez que o sonho volta, vem também as saudades e um medo desmedido. Por isso, não faço questão de disfarçar a minha urgência de passar as mãos em seus cabelos já findos e ver você sorrindo, antes de você ir...
E o que faço agora?
Minhas lágrimas aparecem sem vergonha e não dão mostras de que vão secar. Nunca mais? Por que você teve que me negar sua convivência quando te procurei? Por que virar o rosto pra mim na rua? Por que? Por que?
Mas você não pode mais me ouvir, nem lembrar. Você se foi. Não há mais dores, mas também não há mais você.
Choro choro choro. E...
Abro os olhos. As meninas me rodeiam pra saber o que houve. Chove lá fora. E aqui dentro dos meus olhos. Suor, lágrimas de verdade, desespero. Disseram que eu grito seu nome noite-sim e noite-não e acordo sempre chorando, com o peito estufado de tão rápido que bate meu coração. Não sei o que dizer a elas, porque não dá pra explicar a dimensão de tudo isso...
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Procuro não parar mais pra pensar na saudade que tenho de você e eu, eu e você. Ela é que de vez em quando salta na minha frente.
Aí, o jeito é tentar dar as costas pra essa dor (que parece rir de mim).
terça-feira, 2 de dezembro de 2008
Medo?
Que as coisas mudam quando a gente cresce, eu já sabia!!! Só não imaginava que as figurinhas indefesas do meu gibi preferido (quando eu media menos de um metro) fossem pelo mesmo caminho! Além do beijo pouco provável, a nova fase da turma traz um Cascão crescido e que toma banho, mas não sempre; uma Mônica que fez regime e deve botar silicone em breve e um Cebolinha, agora chamado de Cebola, que recorreu a sessões de fonaudiologia e só troca a pronuncia dos “r”s pelos “l”s quando está nervoso.
Segundo o pai de tudo isso, Mauricio de Sousa, esse é o primeiro beijo da Mônica e do Cebola e as mudanças não vão parar por aí. "Já houve bitoquinha de criança, no rosto, mas beijo de paquera e de começo de namoro é o primeiro". Eu só espero, de fato, que esse romance pare nas bitoquinhas -- imagine só: "Turma da Mônica - censurado para menores de 18"? Vai ficar TUDO tão complicado a partir de agora...
Tudo muda. Depois dessa, vai chover canivete.
segunda-feira, 1 de dezembro de 2008
meu "nós"
É que meu coração tem batido mais rápido que o seu. E você não parece acompanhar a velocidade das minhas vontades esdrúxulas nem a minha urgência de felicidade. Quero mais e você precisa querer também. Porque EU quero assim: mais uma chance para nossa necessidade de ficarmos juntos. Deixo nosso "nós" ficar aqui se ele se render. Quem sabe assim, caberá a nós o eterno.
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Janta (M. Camelo)
Eu quis te conhecer mas tenho que aceitar
Caberá ao nosso amor o eterno ou o não dá
Pode ser cruel a eternidade
Eu ando em frente por sentir vontade
Eu quis te convencer mas chega de insistir
Caberá ao nosso amor o que há de vir
Pode ser a eternidade má
Caminho em frente pra sentir saudade
...
Eu quis te conhecer mas tenho que aceitar
(I can forget about myself trying to be everybody else)
Caberá ao nosso amor o eterno ou o não dá
(I feel all right that we can go away)
Pode ser a eternidade má
(And please my Day)
Eu ando sempre pra sentir vontade.
(I'll let you stay with me if you surrender)
sexta-feira, 28 de novembro de 2008
todo mundo tem um pouco de VCB
E daí que Woody Allen me fez parar pra pensar sobre isso enquanto assistia à Vicky Cristina Barcelona, pra mim o melhor filme do diretor em tempos. As observações espirituosas, o humor e as idiossincrasias marcam VCB, que também tem pontos fracos, claro, como a narração em off da história que, confesso, dá um pouco de sono (um cara atrás de mim até roncou na poltrona). Paradeira que dura até a entrada de María Elena, interpretada pelo furacão Penélope Cruz (que dá mais um banho de atuação) linda, louca, maravilhosa e que tira o fôlego. Seja pedindo Vodka, dando tiros para o alto, chorando, tentando se matar ou intercalando tão bem inglês e espanhol, Penélope mostra mais uma vez que não tem medo de nenhum papel que lhe oferecem. O resto do elenco dá conta do recado também e faz a gente se indentificar assustadoramente com algumas situações...
Vale a pena ver, não só pela bela música Barcelona (de Giulia & Los Tellarini) ou pelas e as imagens da cidade espanhola que funcionam como um colírio para os olhos. Mas pela forma como Allen descomplica o amor justamente por aceitar a maluquice e irracionalidade que fazem parte dele. Afinal, de Vicky (Rebecca Hall), Cristina (Scarlett Johansson), Juan Antonio (Javier Bardem) e María Elena todo mundo tem um pouco!
Calma lá que eu não vou ficar chovendo no molhado e falando sobre a história do filme blá blá blá (quem quiser, faz isso aqui aqui ou aqui). Só digo uma coisa: se você ainda não viu, o que está esperando?
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Em tempo: se você viu o filme e gostou, vale a pena dar uma lida no Diário de Filmagens de Woody Allen, publicado no New York Times. Pra variar, o texto é cheio de piadas e gozações. Entre outras "confidências" de bastidores, Allen conta que Scarlett e Penélope se apaixonaram por ele, que Javier é um ator burro e que já prepara seu discurso de aceitação do Oscar.
Olha isso!
quinta-feira, 27 de novembro de 2008
o beijo da mônica e do cebolinha
Que as coisas mudam quando a gente cresce, eu já sabia!!! Só não imaginava que as figurinhas indefesas do meu gibi preferido (quando eu media menos de um metro) fossem pelo mesmo caminho! Além do beijo pouco provável, a nova fase da turma traz um Cascão crescido e que toma banho, mas não sempre; uma Mônica que fez regime e deve botar silicone em breve e um Cebolinha, agora chamado de Cebola, que recorreu a sessões de fonaudiologia e só troca a pronuncia dos “r”s pelos “l”s quando está nervoso.
Segundo o pai de tudo isso, Mauricio de Sousa, esse é o primeiro beijo da Mônica e do Cebola e as mudanças não param por aí. "Já houve bitoquinha de criança, no rosto, mas beijo de paquera e de começo de namoro é o primeiro".
Eu só espero, de fato, que esse romance pare nas bitoquinhas! Imagine só: "Turma da Mônica" - censurado para menores de 18?
quarta-feira, 26 de novembro de 2008
um maníaco em minha vida
(Juro que pensei que o cara fosse tirar dois conjuntos de xícaras com café da bolsa e perguntar se eu queria com açúcar ou adoçante). Parei, com olhos esbugalhados, na esquina da Augusta com a Paulista! Olhei pros lados como que indagando se aquela conversa sem pé nem cabeça era comigo mesma... Afinal, em uma terça-feira pouco movimentada, quase 9 da matina, a caminho do trabalho, com figurino batido, cabelos desengrenhados e cara de sono, era pouco provável que isso fosse verdade!
Eu estava enganada. Era comigo que o sujeito falava... ó céus!
Eu mesma - Desculpa, mas é comigo que você tá falando mesmo? - falei já rindo horrores.
Puxando um fiozinho de lembrança, bem que eu tinha reparado que um doido meio mal vestido e com barba por fazer me olhava já no primeiro vagão do metrô, onde sempre fico. Mas, na hora não pensei que ele pudesse ser um maníaco-do-metrô-que-oferece-café-para-moças-indefesas-a-caminho-do-trabalho. Além do que, não temos muito pra onde olhar quando estamos no trem e, por isso, achei que fosse apenas impressão. Na saída do vagão pensei a mesma coisa quando subia pelas escadas rolantes e o talzinho subia pelas escadas normais e me olhava. Será que meu dente estava sujo? Meu cabelo, MUITO bagunçado? Achei melhor nem ligar...
Moço - Tô falando com você sim. É que, tipo assim (ô mania de paulistano!), eu reparei em você e PRECISO muito tomar um café com você, pra te conhecer melhor.
Eu mesma - (Hahahahahahahahahahaha), pensava eu sobre essa nova abordagem dos homens...
Eu não sabia se eu olhava pro lado e pedia ajuda, se ligava pra algum amigo vir me ajudar ou se dava um tapa na cara dele e saía correndo pela Paulista.
Moço - Olha só: você tá indo pro trabalho agora, eu tô indo pro trabalho agora... Por favor, qualquer dia desses, depois do expediente, tipo assim...
Eu mesma (de novo) - Hahahahahahahahahahaha
Moço (sério) - Me passa seu celular??
Eu mesma (nada séria) - Peraí, mas é um assalto então?, tirando onda com a cara do Sr. Como Paquerar Na Rua Todo Dia de Manhã.
Moço - Não. Por que?, disse. (oi, ele não entendeu a piada?)
Eu mesma (desenhando) - Porque você me disse pra "PASSAR" o celular... não o número do celular, entendeu?? hahahahahahahaha (M-U-I-T-A risada)
Cri cri.
É ele não entendeu. Chega! Se o cara quer dar uma de Don Juan em plena 8h54 de uma terça, tem que ser esperto e criativo, pô! Verena, acaba logo com isso... Fiz minha melhor cara de brava (rindo por dentro), olhei pro relógio e:
Eu mesma - Olha isso é loucura. Você não me conhece, tô indo trabalhar...
Moço - Não seja por isso. Meu nome é Tiago. E o seu é...?
Não, não acabou... E eis que o Tiago pegou na minha mão e me lascou um beijo no rosto. Oi? Que parte eu perdi? Daí que reparei que podia tirar um onda com tudo aquilo e ter alguma coisa engraçada pra contar... sei lá.
Eu mesma - Então, me chamo Iara com I... (rindo por dentro)
(Sempre quis me chamar assim... ok, mentira! Não curto esse nome de sereia)
Tiago - Legal, Iara... Posso anotar seu número? Porque, tipo assim, eu queria muito te conhecer. Vai, por favor??
Titubeei um pouco e pensei em como seria engraçado passar o fone de alguém que merece levar uns trotes! Além disso, Tiago tinha que pagar por não estar me poupando de tanta besteira logo cedo...
Eu mesma - Claro, anota aí....
Só assim o famigerado Tiago me deixou ir embora e caminhou saltitante pela Augusta, como quem certamente ia contar pros amigos que conquistou o que queria. Mal sabia ele que eu tinha passado o número do meu ex-namorado... ;)
Boa sorte, Tiagão Juan Antonio, beijoNÃOmeliga, ok?
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PS - Quando cheguei no trabalho, cruzei as informações sobre o tal Tiago com as do maníaco que quis "tomar um café" com uma amiga uma manhã dessas também. Constatamos que, sim, ele é um maníaco-do-metrô-que-oferece-café-para-moças-indefesas-a-caminho-do-trabalho.
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Moral da história 1: Não mexa com uma mulher logo de manhã.
terça-feira, 25 de novembro de 2008
São Paulo, 25 de novembro de 2008.
Hoje é seu dia mais uma vez e bem sei o quanto você gosta de comemorar suas novas primaveras... E, também por isso, mais uma vez uso o meu 25 de novembro para lembrar de quando nos conhecemos e de como temos nos tornado mais e mais próximas, mesmo há exatos 540 quilômetros de distância.
Tábata, 21 anos e mais de 100 sardinhas no rosto.
segunda-feira, 24 de novembro de 2008
docinho de coco
A cada passo que a Ana dava rumo à sua nova vida, pensava como eu torcia pra essa união dar certo. Mesmo! O Gian, o noivo, estava com um sorriso realmente diferente, com o contorno dos lábios que ia de uma orelha à outra. A Ana, linda linda linda, deixava rolar uma lágrima de canto de olho conforme entrava na igreja de braço dado com o paizão (que parecia um bebê chorando). O beijo na testa, as flores, velas, música, um clima de festa, amigos amigos amigos. Coisa linda de ver. Benção pra lá, benção pra cá, eles viraram um do outro. E, vejam só, fizeram isso numa época em que poucas pessoas acreditam no tal casamento. Admirável, eu acho.
E então que, confesso, não pensei que ficaria tão comovida quando visse a Ana impecável entrando na igreja... com o pai dela. Mesmo já sabendo que aquilo tudo é apenas uma simbologia, chorei feito uma criança que cai durante a partida de bola queimada da escola. Como essa criança, sei que ainda vai doer um pouco até o machucado parar de sangrar. E eu percebi que vai demorar um tempo até eu ter um progenitor de volta pra chamar de meu e, quem sabe, entrar na igreja comigo no dia de um (pouco) provável casamento. Mas isso é outro post... tá tudo bem, respira fundo! 3, 2, 1.
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Fora isso, o final de semana foi regado com muita risada, algumas lágrimas de canto de olho, amigos tão antigos como os bares e as lanchonetes preferidos, visita à antiga UEL, família com abraço apertado, amigo secreto pro Natal, reza antes do almoço e coisas desse tipo. Coisas que fazem a gente lembrar como é bom voltar pra casa. Sempre!!
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Madrinhas loucas e a Ana vestida de docinho de coco!!
terça-feira, 18 de novembro de 2008
Esse alguém andava pela avenida balançando os braços e conversava com um outro alguém menos interessante. Só tive olhos pra você, ou melhor, pro alguém muito parecido contigo. O papo entre os sujeitos estava animado e isso me fez lembrar de quando conversávamos sem parar na volta do colégio. Você dirigia e eu perguntava qualquer besteira só pra ouvir sua voz e tentar copiar a maneira como você formulava as frases. Você desenvolvia o assunto, eu te olhava. Botava reparo em cada um de seus gestos, seus movimentos com as mãos e as mexidinhas cautelosas no cabelo que já caía (e acho que ainda cai). Quantas abobrinhas eu tive que ouvir só pra suprir essa minha vontade de aprender um pouco mais sobre o que se passava na sua cabeça!
Mas a saudade que tenho da nossa relação descoube no meu peito e me deu a grande idéia de mudar meu caminho habitual pra mirar mais um pouquinho o tal sujeito que copiava seu existir. E lá estava eu: novamente atrás de "você". O estranho sorria, caminhava, olhava para os lados, tragava o cigarro, existia... E, sem perceber, me fazia o grande favor de alimentar minhas lembranças com imagens "suas".
Acontece que eu estava mesmo atrás de coisas que me mostrassem que poderia, sim, ser você. Mas não era. Afinal, faz meses que não nos vemos... A chuva veio sorrateira, o tempo fez meu horário estourar e tive que voltar ao trabalho.
Peguei de volta meu caminho, mas, ao menos, agora eu tinha imagens "suas" fresquinhas na minha memória.
sexta-feira, 14 de novembro de 2008
Faz alguns meses que minha vida gira em torno de rodoviárias. Não porque eu amo viajar amassada, encolhida em poltronas fedidas e ouvindo gente roncando do meu lado ou falando muito alto sobre o Corinthians enquanto tento ler o mesmo parágrafo do livro 6 vezes. Mas porque gosto de visitar minha família e, pelo menos enquanto não inventam uma ponte aérea sem interrupções até Londrina, viajar de ônibus é infinitamente mais barato. Por isso, tenho uma vasta experiência com terminais rodoviários. Pelo menos era o que eu supunha, até virar a última página do Livro Amarelo do Terminal, de Vanessa Bárbara.
O livro, que surgiu do trabalho de conclusão de curso em Jornalismo dessa paulistana, retrata detalhes bastante cotidianos do terminal rodoviário do Tietê. Despretenciosamente, Vanessa me conduziu a uma viagem ao interior da maior rodoviária da América do Sul, revelando coisas às quais eu não daria atenção por mim mesma. Onde ficam os ônibus antes de atracar no terminal, como funciona o sistema de som, qual é o faturamento do banheiro, qual é a quantidade de cafezinhos e toneladas de pães de queijo vendidos por ano, quantas pessoas passam pelas plataformas no Natal, como é o serviço do balcão de informações. E vai além, quando deixa de lado o macro revela seu interesse por histórias anônimas - quem são os funcionários e as pessoas que passam por lá, quem vem de muito longe ou vai pra mais longe ainda, quem são os motoristas. Em um dos capítulos, traz uma "história oral do Tietê", feita a partir de fragmentos de conversas colhidas ao acaso enquanto apurava o trabalho. E outros trechos reproduz os recados do locutor Marcos, a voz da velhinha que pára no balcão de informações e pergunta: "Moça, onde é que eu faço inscrição para ir pro Iraque" e registra trechos dos hits musicais do Tietê.
E, se Vanessa me ajudou a perceber que eu não conheço tanto sobre rodoviárias quanto eu pensava, ela também confirmou minha idéia de que rodoviárias são, sim, uma "versão condensada" do mundo. O movimento repetitivo das pessoas que vão-e-vêm, a inconstância, a idéia de massas, a sensação de não-pertencimento, a vontade de retornar ao lugar de partida, o anacronismo dos personagens, a permanência - aquilo que nunca muda. (Igualzinho a mim!).
A partir de agora, vou olhar pra todos os lados sempre que visitar uma rodoviária.
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Em tempo: o projeto gráfico do livro é muito interessante! Com páginas (amarelas) de gramatura mais fina, o livro permite uma transparência maior. Por isso, as letras se sobrepõem um pouquinho e dão o tom da bagunça estética do Tietê. Uma outra parte do livro é feita em páginas que lembram papel-carbono, utilizado em alguns tipos de passagens. Só de folhear já vale a pena!
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Terminal Rodoviário de Londrina - pra onde eu volto sempre que quero sentir o cheirinho da minha mãe, comer feijão e arroz doce, descarregar minhas energias e visitar amigos queridos.
quinta-feira, 13 de novembro de 2008
Tudo girava em torno disso e, de quebra, essa brincadeira era nossa forma de se dar bem na época. É que, quando as Barbies estavam longe, a gente não se bicava muito. Não dá pra explicar. Acho que os anos a mais faziam uma diferença e tanto na nossa relação fora da brincadeira preferida. E além disso, com alguns aninhos a mais, a Bárbara era uma criança chatinha, quase uma filha-neta-prima-etc única. Sabe aquelas crianças que choram só de serem contrariadas? Se ela achava que a casinha da Barbie dela devia ficar aqui, era aqui que ia ficar, senão: "Ô vóóóóó...". Sobrava pra mim, claro.
Apesar de seu geniozinho, Bárbara tinha vestidos lindos, imensos, cheios de babados, rodados - o sonho de qualquer menina com menos de 1 metro de altura. Se ela fosse mais loirinha, podia até ser filha da Xuxa, ao contrário de mim. Eu babava mesmo, até porque no meu guarda-roupa as peças migravam da irmã mais velha ou eram feitas pelas mãos da minha mãe mesmo. Tricô e crochê eram as especialidades e eu tinha vestidinhos de todos os tipos artesanais: o corpete com linha de uma cor só e a saia de tecido estampado ou as blusinhas da capa da revista de modelitos de lã. É claro que era bemmm mais barato e servia, mas a menina dos meus olhos era o figurino da Bárbara.
Ainda bem que crescemos, ela diminuiu os babados de suas roupas (e sua chatice) e eu aboli o crochê da minha vida e cresci tanto que já não dava pra usar as roupas da irmã mais velha (conquistei o direito de ter as minhas roupas!). Mesmo com alguns interesses parecidos, seguimos caminhos bem diferentes. Em compensação diminuímos a distância entre nossas vidas pós-Barbies. Hoje, moramos juntas e nosso passatempo preferido é tomar uma cerveja bem gelada enquanto eu cozinho alguma coisa pra gente comer e ela escolhe a trilha sonora - geralmente composta das mesmas músicas preferidas de sempre (assim como os nomes das bonecas que eram sempre os mesmos).
Mas, mais curioso do que a gente se dar extremamente bem hoje (sem bonecas por perto), é que ela passou a dividir o meu guarda-roupa comigo. E quase sempre ela faz uma visita pros meus cabides... O meu azar é que nem tudo dela me serve! (Ela usa M e eu, G).
Bárbara veste Verena e vice-versa.
terça-feira, 11 de novembro de 2008
Sabe... no meu carnaval de todo dia, faço parte da ala das meninas que "quebram o coco mas não arrebentam a sapucaia". Mas confesso que, tem horas, que perco não só o fio, mas a meada inteira, e não sei como resolver certos quiproquós medonhos. Só quero paz... entende?
O jeito é respirar fundo, tirar o lencinho de choros da bolsa mais uma vez e olhar pra frente. Quem sabe, mirando um presente mais feliz.
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Pros amigos: beijovaleumaisumavez ;)
quinta-feira, 6 de novembro de 2008
Amarelo
Acabava a aula e, com os pêlos do corpo arrepiados e a testa ardendo, corríamos pra Aurora pra ser feliz, amar, encostar e abraçar. Época boa. Primeiro amor, lágrimas desaparecidas, coração com um sorriso estralando, meus olhos sempre em busca dos seus olhos, as veias do corpo a todo vapor pra dar conta de tanta pulsação, desejo e, claro, segredo. Quanto mais eu me entregava, mais surgia o meu encanto. Foi lá que trocamos pingentes de coração (como se isso nos fizesse mais um do outro) e nossos próprios corações.
Hoje, pertinho de onde ficava seu carro, floresceu um pé de ipês amarelos. Flores amarelas que pingam sobre nossa cabeça quando passamos com o espírito limpo por baixo do pé. É lindo de ver, sentir e cheirar. Ainda ontem estive lá e uma das pequenas flores choveu no meu ombro. No ombro direito, mesmo lado em que eu chorava todo meu desejo pra você, por você. Embalada pelo cheiro do amarelo, lembrei de quando eu encostava nas tuas mãos e tentava disfarçar a minha urgência, de ter mais paixão. Uma paixão que fazia doer até os poros.
Só a Aurora sabia que o nosso grande segredo é que eu queria mesmo me colar em você.
Queria. Passado.
E então senti saudade da saudade que eu tinha de você.
terça-feira, 4 de novembro de 2008
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Pra tia: adorei que você ligou. Isso diminui o meu medo de ser esquecida só porque não moro mais na terrinha!
Pra crise global: você pode dar um tempo? Beijomeliga
quarta-feira, 29 de outubro de 2008
o que virá
Ontem, nadando no meu mar de dores intensas de coração, fechei meus olhos e só conseguia enxergar uma coisa na escuridão que fica dentro da pálpebra quando a gente chora sem parar: uma série de imagens. Um filminho mesmo: a risada com amigas na escolinha, o choro por causa do atraso da mãe no portão, o dia das crianças em que acordei sem meus pais por perto, as brigas com as irmãs para saber quem era a filha preferida, a vez que meu pai me pegou beijando um menino (que vergonha!) na festinha da igreja, o primeiro jogo do Tubarão no Estádio do Café, o apelido de "Potência" porque eu era uma gordinha que pesava 89 arrobas (pelo menos), o sorvete liberado na praia, a viagem pra casa da bisavó ouvindo mil vezes a mesma música, a ida ao trem-fantasma no Beto Carrero, as minhas boas notas em português e o recorde de livros lidos aos 6 anos. Coisas, coisinhas. Isso que chamo de "minha vida".
Tentava, ainda com os olhos fechados e o coração sangrando na garganta, achar o fiapo de esperança que perdi por aí, em algum lugar do caminho. Esperança de ver tudo dar certo e de descobrir que a vida nem é tão dura assim, na verdade. Que tudo vai ficar bem. E que eu vou chegar em casa e vai estar tudo lá, como era aos 6 anos de idade e eu ainda pegava no braço da mãe pra atravessar a rua. Tentava, talvez, encontrar uma razão não-idiota ou um errinho que pudesse me fazer entender a coisa toda. Não deu.
Duas neosaldinas e milhões de pensamentos depois, eu ainda tentava dar uma dimensão mais normal e menos bizarra pra toda essa história. Não consegui, é claro. Com a ajuda de amigos que, "complacentes", são meus docinhos de coco e apostaram em ótimas piadas pra assoprar minha dor.
Um dia, ainda vou conseguir parar de rolar na cama à noite, assaltar o telefone e ligar pra pessoa certa e falar as palavras certas. Mas calma. Por enquanto, chega de drama, de dor.
#
"Uh... Se a gente já não sabe mais
rir um do outro meu bem então
o que resta é chorar e talvez,
se tem que durar,
vem renascido o amor
bento de lágrimas.
Um século, três,
se as vidas atrás
são parte de nós.
E como será?
O vento vai dizer
lento o que virá,
e se chover demais,
a gente vai saber,
claro de um trovão,
se alguém depois
sorrir em paz".
Amarante.
sexta-feira, 24 de outubro de 2008
Vontade, vontade, vontade. Sim, hoje é o meu dia mundial da vontade... de ser mais feliz.
quinta-feira, 23 de outubro de 2008
?
Como se disfarça a intenção?
O que fazer com a obrigação?
Como faz pra te conhecer?
Como faz para te esquecer?
Como faz para amar você?
Você."
Ana, a Cañas.
quarta-feira, 22 de outubro de 2008
Dona Nena
Todo dia de descanso, às 6h, eu acordava pra acompanhá-la na maior feira da cidade, lá perto do cemitério. Pelo sacrifício, eu ganhava um pastel de queijo e um todinho, mas só depois de passar nas barracas de bananas, legumes, verduras e café moído na hora. é claro. Sempre. Seu amor pelas feiras de domingo passou pra mim, inclusive.
Ela fazia o melhor macarrão do mundo. O molho encorpado, a massa fresquinha, os tomates suculentos. O frango assado não ficava atrás. A combinação era iguaria dos deuses e deixava no chinelo qualquer chef famoso. Sem esquecer que eu era chamada com urgência todas as vezes que ela fazia cural. "Você pode passar aqui que eu fiz pra você?". Lambuzava os dedos e ainda levava mais pra casa no potinho esmaltado com desenhos de flores.
Hoje, sonhei com ela. Como no ano passado, nessa mesma época. Comentei na mesa de café e a prima lembrou: hoje. Hoje faz dois anos. Dois anos sem ela, sem o macarrão com tomates gigantes, sem o sítio e sem o cural (que não encontro mais). Isso me lembra também que, sem ela, a vida familiar desandou. Alguns filhos brigam, os netos se afastaram (com algumas exceções), o filho preferido já não é mais o mesmo, assim como a festa de Natal em família. Na antiga casa com quintal imenso só se ouve o barulho do vento batendo na goiabeira de goiabas brancas lá no fundo.
Restam, claro, as feiras livres, que tento visitar aos domingos pra encher as fruteiras lá de casa.
segunda-feira, 20 de outubro de 2008
Livro escrito com bile
Com todas as letras, caí de quatro pelo livro de Marçal Aquino; um livro que não li, devorei. (Primeiro porque eu buscava uma inspiração há tempos perdida. Uma paixão. Um algo em que se agarrar e pelo o que valesse a pena perder horas de sono. Segundo, porque o livro traz segredos importantes. Um deles, que aproveito pra contar, é que na loucura dos amores contrariados não há espaço nenhum para a razão, apenas para mais loucura).
Cauby (como o cantor), um fotógrafo quarentão, vive para clicar putas decadentes da cidadezinha garimpeira. Leva uma vida comum, tentando “transformar o banal em épico”. E o épico aparece com o nome de Lavínia, mulher casada, deliciosamente sensual e alterada. O amor que vem do sexo, sexualmente transmissível, e das sessões particulares de fotografia. Cauby encontra sua musa e fotografa cada um de seus poros. "Uma imagem preciosa. Daquelas que justificam guardar o negativo num cofre de banco". Mas aí vem a realidade, a razão, o tatu de estimação, a vida, o vizinho dele, o passado e o marido dela, o moralismo da cidadezinha...
A grande desgraça é que as lembranças não bastam para confortar os amantes. Ao contrário: servem só para cutucar as chagas daqueles que foram “condenados à lepra do amor não correspondido”. E, por isso, a natureza do amor, de não nos permitir escolher por quem nos apaixonamos, é uma rota que pode conduzir à ruína. E... a tragédia chega sem ser notada e nos conduz para um abismo de ambigüidades - quando já se está envolvido o suficiente para morrer de amores pelos personagens. Um livro escrito com bile. A bile de Marçal, a de Cauby, Lavínia, a minha. Diante da ameaça de chegar à ultima página, fiquei atordoada.
Vi minha aflição diminuir quando ouvi dizer que a história vai virar filme. Espero que seja tão convincente quanto o livro! Mesmo! Consigo até visualizar o ator Chico Dias no papel do fotógrafo decadente e, talvez, Alice Braga ou Dira Paes brigando para ver quem consegue arrancar a melhor Lavinia do seu sangue de atriz.
--
"(...) O que acontece é que, quando estou com você, eu me perdôo por todas as lutas que a vida venceu por pontos, e me esqueço completamente de que gente como eu, no fim, acaba saindo mais cedo de bares, de brigas e de amores para não pagar a conta".
Cauby e sua declaração de amor.
Para ver deitar o sol sobre os teus braços, castos
Cobre a culpa vã, até amanhã eu vou ficar
E fazer do teu sorriso um abrigo
Canta que é no canto que eu vou chegar
Canta o teu encanto que é pra me encantar
Canta para mim, qualquer coisa assim sobre você
Que explique a minha paz
Tristeza nunca mais
Mais vale o meu pranto que esse canto em solidão
Nessa espera o mundo gira em linhas tortas
Abre essa janela, a primavera quer entrar
Pra fazer da nossa voz uma só nota"
Camelo.
...
quarta-feira, 15 de outubro de 2008
Mas insistia a frase pronta, reiterava-se o clichê. Suspirou. Não seria possível. Ele não acreditaria.
E desistiu.
Permanece o segredo.
segunda-feira, 13 de outubro de 2008
Deixando pra lá
Qualquer desculpa pra gente ficar
E assim a gente não sai
Esse sofá ta bom demais
deixa o verão pra mais tarde"
Amarante.
Gambiarras
trechos
Sacudiu os pensamentos. Retirou a poeira encravada nos cantos da imaginação. Levantou os tapetes da emoção para limpar até o último ácaro sujo. Tirou o pó de perto de seus sonhos, para que estes não envelhecessem. Chacoalhou os quatro cantos de sua libido para reforçar o amor e a paixão pelo seu próprio corpo. Jogou com as duas mãos um punhado de alvejante em seu passado - queria separá-lo em um canto da memória para não tropeçar mais nele. Estendeu no velho varal todas as lembranças empoeiradas que gostava de ter – casinhas de bonecas, brincadeiras de criança, cheirinho do travesseiro e namoro no portão. Aproveitou para lustrar suas eternas verdades... fazia tempo que não as revia de tão perto. Com a limpeza, veio a essência. Mesmo branco, seu espírito tinha agora cores de borboletas em dias de primavera e foi além – cheirava a tulipas fora de estação. Renovou-se. Agora, leve, pretende seguir em frente.
terça-feira, 7 de outubro de 2008
...
Nelson, o Rodrigues.
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Pra você: remexer as mágoas hoje me fez bem.
Pra Carolinda: a madrinha viu um livro que é sua cara!
sexta-feira, 3 de outubro de 2008
Falta de visão
Claro, não é fácil ver até onde o ser humano pode ir pra conseguir sobreviver no caos. Mas, era necessário. A dor de estômago, as cenas de estupro, as facadas, o sangue, a sujeira nas ruas, pessoas atirando em pessoas, o caos. Era tudo necessário e indispensável mesmo.
O que NÃO era necessário? Isso:
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"O filme retrata cegos como monstros, e vejo isso como uma mentira", disse Maurer, presidente da Federação Nacional de Cegos, sediada em Baltimore, nos Estados Unidos. "A cegueira não transforma pessoas decentes em monstros."
(...)
De acordo com a entidade, o filme reforça estereótipos incorretos, incluindo o de que cegos não podem tomar conta de si próprios e ficam para sempre desorientados. "Nós enfrentamos uma taxa de 70% de desemprego e outros problemas sociais porque as pessoas não acham que a gente possa fazer nada. E esse filme não ajuda em nada", afirma Christopher Danielsen, porta-voz da organização.
(...)
"Acho que a falta de compreensão entre todos é um problema significativo", disse. "E acho que associar isso à cegueira é incorreto."
Matéria inteira? AQUI. (Risível...)
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Oi, eles nem viram o filme?
segunda-feira, 29 de setembro de 2008
em queda livre...
"Escrevo para fazer cócegas na dor. (às vezes, Ela ri.)"
www.juemquedalivre.blogspot.com
quarta-feira, 24 de setembro de 2008
A Flor
A Flor
"Ouvi dizer
que o teu olhar ao ver a flor
Não sei por que
achou ser de um outro rapaz
Foi capaz de se entregar
Eu fiz de tudo pra ganhar você pra mim
Mas mesmo assim...
Minha flor serviu pra que você
achasse alguém
Um outro alguém que me tomou o seu amor
E eu fiz de tudo pra você perceber
Que era eu...
Tua flor me deu alguém pra amar
E quanto a mim?
Você assim e eu, por final sem meu lugar
E eu tive tudo sem saber quem era eu...
Eu que nunca amei a ninguém
Pude, então, enfim, amar...vai!"
Amarante / Camelo
Sobra sensibilidade
Fomos: dois caipiras; um dirigindo na Nações Unidas na chuva e o outro procurando a entrada certa - ponte Transamérica. O ponto de chegada era instigante. Não podíamos correr o risco de errar e perder o melhor: o novo show de uma das melhores bandas brasileiras: O Rappa (7 Vezes). O som (novo) do possante já dava a letra de como seria aquela noite: mar de gente, a alma, eu quero ver gol, papo de surdo e mudo, farpa cortante, hóstia. Previsível, porém delicioso.
Chegamos! Chopp Itaipava (nem tudo é perfeito), pessoas estranhas, manos, algumas patricinhas, marofa e fumaça rolando soltas - nos outros 4 shows deles em que estive é sempre a mesma história - só muda a bebida (em Londrina o chopp NÃO é Itaipava! ainda bem).
O nosso lugar não era dos melhores e isso me deixou um pouco de bode. Além disso, fazia frio e não tem coisa pior do que ficar trancafiada em um lugar com milhares de gentes nessa situação. Mas, ao abrir a cortina, tudo mudou. Embalados pelo show de som e luzes que eles costumam projetar no cenário, a energia foi borbulhando dentro da gente e pulando pra fora dos poros. Mais uma vez, tudo se conectava: imagens, acordes, timbres (levemente prejudicados pela acústica do lugar), movimentos. Pulei, fechei os olhos, me libertei, joguei os dilemas, problemas, pepinos todos para segunda-feira e gargalhei! Sou suspeita, mas o espetáculo foi muito bom.
Em tempo - eu, o Falcão e as outras milhares de pessoas que estavam lá agradecemos imensamente porque nem todo mundo dá muita atenção ao que alguns colegas escrevem por aí sobre os caras. "Insosso", "falta tato, sensibilidade"?
Gente, que parte do CD e do show eu perdi? Não sei... mas a voz sei que perdi!
terça-feira, 23 de setembro de 2008
Primeiro andar
e me mostro de lá pra você
guarde um sonho bom pra mim"
Rodrigo Amarante
quinta-feira, 18 de setembro de 2008
Homem Glam existe?
- Ah, eu? Moro em Sampa, sou jornalista, blá blá..., investi.
- "Sampa? Nossa! Que legal! Seu trabalho é legal? Blá blá blá... Queria muito ADEVOGAR lá...", disse o projeto de gente.
- Ah! Você vai ser ADEVOGADO??? - tóimnhóimnhóim.
Cacete! Ele falou ADEVOGADO mesmo? Não pode ser! Não sei ainda como é o Homem Glam (se é que há um), mas certamente ele não falaria ADEVOGADO! Encerrei a conversa, desisti da feiticeira, fui ao caixa e pedi um Durepoxi mesmo. Decidi consertar a quebrada lá do apê. Com certeza, vai limpar do mesmo jeito, vou gastar só 3 reais e não corro riscos de ter que ouvir coisas sobre a adevocacia brasileira.
--
Moral da história 1: (Laris, emprestei essa de você tá?)
Em time que tá ganhando não se mexe. Se você precisa de uma coisa nova, experimente consertar a coisa velha antes com Durepoxi. Assim você evita esse tipo de decepção.
Moral da história 2:
Homem Glam existe mesmo??
**
Pro mocinho-querido: Beijo, não me liga!?
Pra mãe: adorei a surpresa no bolso da minha jaqueta branca! ;)
A vida segue
Mario Bortolotto
terça-feira, 16 de setembro de 2008
laços, fiapos e cabos de conexão
laços, fiapos e cabos de conexão
"A AUSÊNCIA DEFINITIVA de quem está vivo, e bem, e apenas levando outra existência na qual não cabemos, esta é a agulhada fria, a certeza de ter a companhia de uma cidade inteira de novas possibilidades, amizades, amores menos ariscos. Uma cidade viva e pulsante, que deslumbra e ofende na mesma proporção com que cresce. É sentir-se traído pelo silêncio de um só.
(...)
Rostos e fachadas de prédios que costumamos admirar não envelhecem; somem, tornam-se condomínios. Dão-nos assim a liberdade para reconstruí-los na mente conforme quisermos. Ou, em nossa maneira resignada, de nos assumir agora do outro lado, o do fogo silencioso na guerra que transforma os laços - urbanos, afetivos - em puro pó. Laços são material de pano fraco, jamais deveriam designar relações duradouras".
- -
Pro pai: as decepções e os laços desfeitos só me fazem mais fortes.
Pra você aí: obrigada por dividir comigo as obsessões pelas coisas simples.
sexta-feira, 12 de setembro de 2008
sexta-feira muito boa
...
I know because the smile that’s on your lips it’s for me
They were meant for me to kiss and you were meant to love me, darling"
The Kinks
Tem versos que eu mesma queria ter parido.
quarta-feira, 10 de setembro de 2008
Quando o próprio amor vacila
Tem dias que a gente revive o passado, rememora alguns ex-amores, pensa nos momentos da infância, vê um filminho passar mesmo na cabeça. Não é?Pois é. Hoje tô nessa. Por isso, vasculhei umas antigas pastas de músicas e fiquei muito feliz em encontrar essa precisosidade, interpretada pela Bethânia. Sozinha, lavando roupas no tanque, sorri.
*
Eu sei que atrás deste universo de aparências, das diferenças todas, a esperança é preservada
Nas xícaras sujas de ontem o café de cada manhã é servido Mas existe uma palavra que não suporto ouvir, e dela não me conformo
Eu acredito em tudo, mas eu quero você agora
Eu te amo pelas tuas faltas, pelo teu corpo marcado, pelas tuas cicatrizes, pelas tuas loucuras todas, minha vida
Eu amo as tuas mãos, mesmo que por causa delas eu não saiba o que fazer das minhas
Amo teu jogo triste
As tuas roupas sujas é aqui em casa que eu lavo
Eu amo a tua alegria
Mesmo fora de si, eu te amo pela tua essência Até pelo que você poderia ter sido, se a maré das circunstâncias não tivesse te banhado nas águas do equívoco
Eu te amo nas horas infernais e na vida sem tempo, quando,sozinha, bordo mais uma toalha de fim de semana
Eu te amo pelas crianças e futuras rugas
Eu te amo pelas tuas ilusões perdidas e pelos teus sonhos inúteis
Amo teu sistema de vida e morte
Eu te amo pelo que se repete e que nunca é igual
Eu te amo pelas tuas entradas, saídas e bandeiras
Eu te amo desde os teus pés até o que te escapa
Eu te amo de alma para alma E mais que as palavras, ainda que seja através delas que eu me defenda, quando digo que te amo mais que o silêncio dos momentos difíceis,
quando o próprio amor vacila
terça-feira, 9 de setembro de 2008
A piada
"A vida não vale nada, aliás. Esse negócio de “qualidade de vida” só serve para corretor sacana vender apartamento de dois dormitórios em Osasco. Se a ciência realmente estivesse evoluindo, trabalharia no sentido de diminuir o tempo do homem sob a face da terra, e não o contrário. Em sendo assim, diante dos paradoxos e da hipocrisia social, temos, a meu ver, duas opções; quais sejam: a piada e o vislumbre da morte".
Prefiro a piada. E você?
Dores
As olheiras vieram de brinde.
domingo, 7 de setembro de 2008
Aí vou eu!
sábado, 6 de setembro de 2008
O novo já nasce lindo
Confesso que andava bem ansiosa para ouvi-los novamente. Afinal, cinco anos separam o O Silêncio Q Precede o Esporro (último de inéditas) do novo disco. É claro que nesse intervalo ouvi um dos melhores acústicos da MTV com eles. Nesse último álbum, já havia me rendido ao som dos cariocas. Instrumentos lindos, coisas que eu nem imaginava que existissem, sonoridades inebriantes. Ouvi, reouvi, de todos os jeitos e formas.
Mas o longo intervalo de produção parece ter sido produtivo. O novo disco não deixa nada a desejar. As letras continuam a impressionar. Versos sobre imagens do cotidiano e da guerra urbana reiteram a capacidade da banda de cutucar a ferida bem lá no fundo, de falar sobre coisas que nos tiram de nossa vidinha mesmo que por alguns minutos.
A curiosidade por novos sons, herança do lindo acústico, permanece viva no 7 Vezes e fez cada integrante do grupo ter seus dias de Hermeto Pascoal. Guitarras, bateria, percussão e baixo se misturam aos timbres de garrafas, enxadas, embalagens de comida e até instrumentos infantis. Em tempos músicas muito parecidas umas com as outras, usar esses sons inusitados faz a gente lembrar do improviso, da simplicidade, da dignidade sonora. É uma maneira da banda deixar claro que não se esqueceu de onde veio. O resultado? Ah... não sei pra você, mas ao ouvir o 7 sinto que tudo que tá lá foi realmente tocado. Olha isso!:
*
Monstro invisível
Monstro invisível que comanda a horda arrasando tudo o que é de praxe
Eu tô laje acima no cerol que trás a vida pra baixo
Brilhante idéia de uma cabeça nervosa grafitando o outro muro de raiva
Eles já sabiam, mas deixaram a sina guiar a sorte
Vejo a minha história com a sua comunga!
Vejo a história ela comunga…Vejo a minha história com a sua comunga!
Vejo a história ela comunga…Vejo a minha história com a sua comunga!
Vejo a história ela comunga…Vejo a minha história com a sua comunga!
Poço lado sujo cria do descaso alimentando folhas em branco e preto
outra epidemia desanima quem convive com medo
Botões, atalhos amplificam a distância
E a preguiça de estar lado a lado veste a armadura esse é o poder solitário
*
De perto, ninguém é normal
Sinto saudades dos personages quando acabo de ler um livro.
Tiro todos os anéis para ensaboar as mãos e passar creme.
Sopro no espelho e fico vendo as figuras que se formam com o bafo quente que sai do meu corpo.
Divido mentalmente as palavras que me vêem à cabeça sílaba por sílaba para me distrair. Como elas são perfeitas e simétricas!
Adoro ficar passando o rodinho na pia cheia de água.
Odeio lugares fechados, sem ar.
Quando acordo no meio de um sonho bom, fecho os olhos de novo e tento ver o final da história.
Faço quadrados quando estou falando no telefone. Muitos!!
Adoro sentir o vento do metrô chegando na estação batendo no meu rosto e bagunçando meus cabelos.
Piso somente nas faixas brancas ao atravessar a rua. (quando era criança, era um jogo: pisar na faixa preta era morte na certa!)
Fico rodando o anel do dedo anelar com o dedão.
Assisto à TV enrolando cachos de cabelo.
Lavo a louça dançando quando estou sozinha.
Bato sempre no vidro do aquário do peixe pra ver se ele está vivo mesmo.
Durmo esfregando as pontas dos dedos em chumaços da fronha do travesseiro.
Sorrio quando vejo um bebê.
Quando acordo no meio da noite, não acendo a luz. Enxergo tudo muito melhor no escuro.
Choro sempre olhando pro espelho.
Ouço mil vezes a mesma música.
Tenho um álbum com minhas fotos preferidas.
Folheio sempre minha maior herança: um caderno de poesia velho de alguém especial.
Começo a escrever um texto e paro no meio antes de terminar. Sempre.
Odeio gente que troca as bolas e opina sobre assuntos dos quais não entende - tipo, durante um jogo do Palmeiras.
Escrevo coisas num caderno e ninguém sabe onde o guardo.
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Parei por aqui e voltei a dormir.
"De perto, ninguém é normal"... Mesmo!!