quinta-feira, 24 de junho de 2010

"é mesmo sutil a felicidade, raro diagnosticar sua origem, emerge com fúria de um som ou um cheiro ou uma lembrança. A felicidade é frágil, nem pensamos muito nela para não perdê-la"

Carpinejar, em Mulher Perdigueira.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

eu vejo além.

Porque eu olho pela janela e vejo além desse céu cinza, vejo além desses prédios de concreto desbotado e desgastado. Eu olho lá fora e vejo muito de mim aguardando pra ser reconhecido, desvendado, descoberto e sentido. Meus últimos tempos estão rasgando quaisquer certezas mais ridículas e fracas e se torna mais forte em mim essa sede que a alma não cansa de sentir e as mãos não cansam de procurar estrelas no escuro, porque embora eu não as veja, seu calor me direciona e norteia. Minha existência não acompanha o tempo natural das coisas mundanas...

"Você não pode voltar atrás no que vê. Você pode se recusar a ver. Até o fim de sua vida pode se recusar sem necessidade de rever seus mitos ou movimentar-se de um lugar confortável. Mas a partir do momento em que você vê, mesmo que involuntariamente VOCÊ ESTÁ PERDIDO" (Caio Fernando)

Do blog: Horas de Clarice.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Com freqüência penso na criação de uma máquina de abraços. Imagina só poder abraçar aquela pessoa que mais lhe faz falta em qualquer hora do dia?

Na minha cabeça, ela é portátil, do tamanho da palma da mão, fácil de manusear de forma que não há necessidade de manual de uso. Um botão e pronto: dois braços conhecidos me puxam em direção ao colo macio e amado. Mãe, pai, vó, irmã... o abraço de quem eu quiser ao alcance de um clique.

O mais importante é que uma máquina de abraços poderia exterminar a saudade ou ao menos torná-la rarefeita por algum tempo.

Me serviria um bocado, portanto.


segunda-feira, 7 de junho de 2010

Eu também tenho ideias.

Liberdade é uma palavra enorme. Por exemplo, quando terminam as aulas, pode-se dizer que uma pessoa fica em liberdade. Enquanto a liberdade dura, você passeia, brinca, nao tem por que estudar. Dizem que um país é livre quando uma mulher qualquer ou um homem qualquer pode fazer o que lhe der na cabeça. Mas até nos países livres tem coisas proibidas. Matar, por exemplo. Mas aí que está, matar mosquitos e baratas pode e vacas também, para fazer churrasco. Por exemplo, é proibido roubar, mas não é tão grave ficar com umas moedinhas quando Graciela, que é minha mãe, me manda fazer alguma compra. (...) Meu pai é um preso, mas não porque tenha matado ou roubado ou chegado tarde à escola. Graciela diz que meu pai está em Liberdade [o nome da prisão], ou seja, preso, por suas ideias. Parece que meu pai era famoso por suas ideias. Eu também tenho ideias, às vezes, mas ainda não sou famosa".

Beatriz, personagem de Mario Benedetti em Primavera num Espelho Partido.

Gostou? Aqui tem mais: http://migre.me/MBuC